Conversamos com Lorë Kotínski, Doutora em Informação e Comunicação em Plataformas Digitais pelas Universidade do Porto e Universidade de Aveiro, em Portugal, e Pesquisadora de ESG em Redes Sociais sobre como o ESG pode gerar valor a empresas e ser diferencial no mercado brasileiro.
Jornalista: Você poderia nos explicar o que significa ESG e por que essas práticas são tão importantes para as empresas atualmente?
Lorë Kotínski: ESG é a sigla para Environmental, Social, and Governance, que em português significa Ambiental, Social e Governança. Esses três pilares são fundamentais para avaliar o impacto de uma empresa no mundo. As práticas de ESG são importantes porque trazem uma visão de negócios mais ampla, que vai além do lucro e considera os impactos ambientais, sociais e a forma como a empresa é gerida. Com a crescente demanda de consumidores e investidores por transparência e responsabilidade, uma empresa que adota práticas de ESG pode não apenas melhorar sua imagem, mas também gerar valor a longo prazo.
Jornalista: Você mencionou que ESG gera valor para as empresas. Pode nos explicar como isso acontece na prática?
Lorë Kotínski: Sim. Quando uma empresa investe em ESG, ela está mostrando compromisso com a sustentabilidade, com o bem-estar social e com uma governança ética. Isso pode atrair investidores que buscam negócios sustentáveis e clientes que preferem consumir de marcas responsáveis. Além disso, as empresas que implementam ESG tendem a mitigar riscos como regulamentações ambientais mais rígidas ou crises de reputação. Outro ponto é a retenção de talentos, pois muitos profissionais hoje procuram trabalhar em organizações com propósitos alinhados aos seus valores pessoais. Portanto, uma empresa comprometida com ESG pode se destacar no mercado, melhorar suas relações com os stakeholders e, consequentemente, aumentar sua lucratividade a longo prazo.
Jornalista: Para empresas que estão começando agora a implementar práticas de ESG, qual é o primeiro passo que você recomendaria?
Lorë Kotínski: O primeiro passo é a conscientização e o entendimento das áreas onde a empresa pode ter o maior impacto. Uma análise interna para identificar as questões ambientais, sociais e de governança mais relevantes é crucial. Isso pode incluir desde a redução do consumo de energia e recursos até a criação de políticas que promovam a diversidade e inclusão. É importante também envolver os líderes da empresa nesse processo, para garantir que ESG faça parte da estratégia organizacional. A partir daí, é possível definir metas concretas e transparentes, com indicadores para medir o progresso. É um processo gradual, mas que traz muitos benefícios tanto para a empresa quanto para a sociedade.
Jornalista: Em sua experiência como pesquisadora de ESG em redes sociais, você acredita que a pressão pública nessas plataformas influencia as empresas a adotarem práticas mais responsáveis?
Lorë Kotínski: Sem dúvida. As redes sociais têm desempenhado um papel crucial na transformação das práticas empresariais. Elas amplificam a voz dos consumidores, ativistas e até mesmo dos próprios funcionários. Hoje, uma empresa pode ser cobrada publicamente por suas ações, ou falta delas, em relação a questões ambientais, sociais e de governança. Essa pressão pública pode ser positiva, levando as empresas a serem mais transparentes e a implementar mudanças. O medo de crises reputacionais, que podem surgir e se espalhar rapidamente nas redes, faz com que muitas organizações tomem medidas mais proativas em relação ao ESG.
Jornalista: Como você vê o papel dos pequenos e médios negócios na adoção de práticas de ESG? Há desafios específicos para essas empresas?
Lorë Kotínski: Sim, os pequenos e médios negócios (PMEs) enfrentam desafios diferentes das grandes empresas, como recursos limitados, menor capacidade de investimento em novas tecnologias e a necessidade de resultados imediatos. No entanto, isso não significa que as PMEs não possam adotar práticas de ESG. Na verdade, muitas dessas empresas estão mais próximas de suas comunidades e podem ter um impacto local significativo. Elas podem começar com ações menores, como otimização de recursos ou promoção de práticas justas de trabalho. O importante é ter um plano claro e mensurável. À medida que os consumidores valorizam cada vez mais empresas responsáveis, essas iniciativas podem se tornar um diferencial competitivo para as PMEs.
Jornalista: Em relação ao futuro, quais tendências você enxerga para ESG nos próximos anos?
Lorë Kotínski: Acredito que a tendência será a integração cada vez maior das práticas de ESG nas estratégias centrais das empresas, não mais como um complemento ou algo separado. A regulamentação governamental sobre sustentabilidade e responsabilidade social também tende a se intensificar, especialmente em setores que geram grande impacto ambiental. Outra tendência é a digitalização e o uso de novas tecnologias, como blockchain, para melhorar a transparência e a rastreabilidade das cadeias de produção. Além disso, veremos um aumento no interesse por métricas de impacto social, como o bem-estar dos funcionários e a equidade de gênero, como indicadores de desempenho empresarial. ESG não será apenas uma questão de imagem, mas uma necessidade para sobreviver em um mercado cada vez mais consciente e exigente.ignoram esse movimento correm o risco de ficar para trás. ESG não é apenas uma tendência passageira, mas uma transformação no modo como as empresas se relacionam com o mundo. Começar hoje pode ser o diferencial que garantirá a sustentabilidade do negócio amanhã.