diplomacia
Embaixador do Vietnã destaca o turismo como pauta importante para seu país
O Governo do Vietna atraves de sua representação em Brasília , em uma reunião com jornalistas, informou sobre os avanços políticos, econômicos e diplomáticos do país asiático, além de enfatizar o fortalecimento das relações bilaterais com o Brasil.
O embaixador Bui Van explicou sobre o2025 é um ano importante para a história do Vietnã, com a celebração dos 80 anos da Revolução de Agosto e do Dia Nacional, os 80 anos de trabalhos Diplomáticos e os 30 anos de adesão do país à Asean “Essas conquistas resultam do empenho interno e também da cooperação de parceiros como o Brasil. A parceria estratégica Vietnã-Brasil cria oportunidades em áreas como economia, cultura e diplomacia”, declarou o embaixador.
Entre os resultados apresentados, Nghi citou a ascensão do Vietnã ao grupo das 32 maiores economias do mundo, com PIB estimado em US$ 490 bilhões para 2025, crescimento médio anual de 6% e elevação do PIB per capita, que saltou de US$ 98,8 em 1990 para US$ 4.717 em 2024. O país também consolidou uma diplomacia ativa, com relações estabelecidas com 194 países, parcerias estratégicas abrangentes com 38 nações, participação em mais de 70 organismos internacionais e assinatura de 17 tratados de livre comércio , mencionou também progressos em turismo, educação e saúde, como a taxa de matrícula no ensino fundamental próxima de 99%, expectativa de vida de 75 anos e a marca de 17,5 milhões de turistas estrangeiros em 2024.
Bui Van Nghi ressaltou o fortalecimento da Parceria Estratégica entre Vietnã e Brasil, oficializada em setembro de 2024 e consolidada pelo reconhecimento do país asiático como parceiro do BRICS, em junho deste ano. O embaixador lembrou que as visitas de alto nível do primeiro-ministro Phạm Minh Chính ao Brasil (2023) e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Vietnã (2025) “resultaram na assinatura de acordos em educação, defesa, agricultura e diplomacia, na area economica ele destacou que comércio entre Vietna e Brasil alcançou US$ 7,98 bilhões em 2024. Entre os avanços recentes, estão a abertura do mercado brasileiro para a importação de peixe vietnamita e tilápia, assim como o início da exportação de carne bovina brasileira para o Vietnã. “Também avançamos em iniciativas culturais e esportivas, como o Memorando de Entendimento firmado entre a Federação de Futebol do Vietnã e a Confederação Brasileira de Futebol, que reforça os laços entre nossos povos”,
“A Parceria Estratégica Vietnã–Brasil abre grandes perspectivas para o crescimento conjunto. Estamos confiantes de que nossas nações seguirão unidas rumo a um mundo pacífico e próspero”, afirmou Bui Van Nghi.
Visita Oficial da Delegação da Geórgia ao Brasil ocorre entre 18 e 21 de agosto de 2025
Entre os dias 18 e 21 de agosto de 2025, o Brasil recebe a Delegação Oficial da Geórgia para uma visita diplomática que contempla uma série de encontros institucionais de alto nível. A agenda visa aprofundar as relações bilaterais entre os dois países, promovendo cooperação nas áreas política, econômica, educacional e cultural.
A programação tem início na capital federal, Brasília, onde a Delegação participa de audiências com representantes do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), membros do Poder Legislativo e autoridades do Governo do Distrito Federal. Esses compromissos refletem o interesse mútuo no fortalecimento do diálogo diplomático e na ampliação das oportunidades de cooperação entre Brasil e Geórgia.
Durante a estadia em Brasília, estão previstas reuniões com parlamentares brasileiros de comissões estratégicas, com destaque para a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, além de encontros com lideranças da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Também fazem parte da programação compromissos no Instituto Rio Branco, símbolo da formação diplomática brasileira, e uma recepção oficial oferecida pela Embaixada da Geórgia no Brasil.
Durante visita oficial ao Brasil, a Delegação georgiana foi composta por destacadas autoridades, incluindo a Sra. Mariam Lashkhi, Presidente do Grupo Parlamentar de Amizade Geórgia-Brasil e Chefe da Comissão de Educação, Ciência e Assuntos da Juventude; o Sr. Nikoloz Samkharadze, Chefe da Comissão de Relações Internacionais do Parlamento da Geórgia; e o Sr. Viktor Sanikidze, Chefe da Comissão de Esportes do Parlamento da Geórgia. Acompanhando a delegação estavam S.E. o Embaixador Zurab Mchedlishvili, o Sr. Vasili Kuchukhidze, Conselheiro da Embaixada, e a Sra. Cristiane Portela, Assessora da Embaixada da Geórgia.
A presença dessas lideranças reforça o compromisso da Geórgia com o estreitamento das relações bilaterais com o Brasil e com sua projeção internacional voltada aos valores democráticos e de cooperação multilateral.
Um dos temas da visita foi a explicação da Georgia sobre a ocupação russa em seu território, segundo membros da delegação, a Georgia procura uma negociação pacífica para resolver o problema que se estenderpor longos anos .
A visita também contempla os estados de Goiás e São Paulo. No dia 20 de agosto, a comitiva seguirá para Goiânia, onde está prevista uma agenda institucional com autoridades locais, com o intuito de explorar possíveis áreas de cooperação regional. Já no dia 21 de agosto, a Delegação estará em São Paulo, maior centro econômico do Brasil, onde deve participar de reuniões com representantes de diversos setores.
Esta visita oficial representa um marco importante na consolidação das relações diplomáticas entre Brasil e Geórgia, que vêm se fortalecendo nos últimos anos por meio de iniciativas parlamentares, acordos bilaterais e aproximações institucionais. O intercâmbio de experiências e a construção de parcerias estratégicas estão no centro dos objetivos da Delegação georgiana no país.
A iniciativa também reforça o compromisso dos dois países com o multilateralismo, o diálogo construtivo e a promoção de relações exteriores baseadas em confiança mútua, desenvolvimento sustentável e prosperidade compartilhada.
A Embaixada da República de Ruanda no Brasil celebrou, na quarta-feira (10 de julho), o 31º aniversário do Dia da Libertação (Kwibohora31), sob o tema “A Jornada de Ruanda Continua”.
O evento reuniu mais de 250 convidados, entre autoridades brasileiras, membros do corpo diplomático, acadêmicos, jornalistas, representantes do setor privado e da sociedade civil – amigos que vieram de diferentes Estados do Brasil. O convidado de honra foi o Secretário de África e Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Embaixador Carlos Sérgio Sobral Duarte.
Kwibohora é uma das datas mais importantes no calendário nacional de Ruanda. A celebração destacou o progresso do país desde 1994, celebrando a governança centrada nas pessoas, a paz, o desenvolvimento e a unidade nacional desde o fim do Genocídio de 1994 contra os Tutsi.
O Embaixador de Ruanda no Brasil, Sua Excelência Sr. Lawrence Manzi, enfatizou a importância da data e sua celebração no Brasil: “Para Ruanda, o Dia da Libertação nos lembra não apenas o fim de um dos capítulos mais sombrios da nossa história, mas também o renascimento de uma nação que, há trinta e um anos, encontrava-se completamente em ruínas: suas instituições destruídas, seu povo profundamente ferido e seu futuro sem uma direção clara. Assim como uma pessoa que chega aos 31 anos de idade, Ruanda hoje se encontra em uma conjuntura única — um momento de reflexão e de novas demandas vindas de seu povo. Trinta e um anos, na vida humana, representam uma fase de transição: de buscar seu lugar no mundo para viver com maior intenção, propósito e clareza.”.
Kwibohora marca o fim de um dos períodos mais trágicos da história recente — o Genocídio de 1994 contra os Tutsi — e o início de uma nova era para Ruanda, guiada por um espírito de resiliência, construção coletiva da nação e progresso econômico.
A data relembra a tomada do poder estatal em Ruanda pelas forças da Frente Patriótica de Ruanda (FPR), em 4 de julho de 1994, que pôs fim ao genocídio que se alastrava pelo país, encerrando cem dias de atos horrendos que vitimaram mais de um milhão de pessoas.
O Secretário Carlos Duarte destacou os laços crescentes de cooperação entre os dois países e o papel de liderança de Ruanda no continente africano: “Estamos confiantes de que o Brasil e Ruanda estão trilhando um caminho promissor rumo a uma parceria sólida em diversos setores. Nossa colaboração deve incluir o fortalecimento dos investimentos e do comércio em áreas como agricultura, economia verde e tecnologia. Juntos, podemos unir esforços para combater a insegurança alimentar, construir sistemas universais de saúde, promover o desenvolvimento agrícola sustentável e avançar na igualdade de gênero. Enfatizamos nossos esforços para incentivar empresários brasileiros a investir em Ruanda, ao mesmo tempo em que buscamos atrair empreendedores ruandeses para se engajarem com a economia brasileira.”.
Além da história do país, a noite também celebrou a cultura ruandesa. Com uma vibrante apresentação de danças tradicionais de Ruanda, (adicionar aqui mais detalhes com os parágrafos do Jacques), os convidados se encantaram com a riqueza do patrimônio cultural de Ruanda. Na noite anterior, a Embaixada de Ruanda no Brasil, em parceria com a Associação Bem Estar Social, realizou um evento de intercâmbio cultural Brasil-Ruanda no Teatro dos Bancários, com apresentações de danças tradicionais abertas ao público brasileiro.
Durante o evento, também foi destacada a crescente importância da parceria entre Ruanda e Brasil em áreas como educação, inovação, igualdade de gênero e desenvolvimento sustentável. A celebração do Kwibohora em Brasília representa um testemunho do fortalecimento dos laços culturais e diplomáticos, promovendo o intercâmbio de experiências entre os dois países e construindo pontes de solidariedade, cooperação e respeito mútuo.
Ruanda Celebra o 31º Kwibohora – Aniversário do Dia da Libertação: Um Marco de Libertação e Reconstrução
Ruanda celebrará, no dia 4 de julho, o Kwibohora31 — o 31º Aniversário do Dia da Libertação, um dos marcos mais significativos da história contemporânea do país.
O tema deste ano, “A Jornada de Ruanda Continua”, reflete os contínuos avanços da nação desde 1994. O Dia da Libertação marca o fim de um regime genocida e o início de uma nova era, em que todos os ruandeses passaram a gozar de direitos iguais, livres da marginalização e exclusão sistemáticas. Desde então, o 4 de julho é celebrado não apenas como o fim de um conflito, mas como o início de um projeto nacional baseado na paz, no desenvolvimento e na dignidade humana.
A data é comemorada anualmente em Ruanda e ao redor do mundo com cerimônias oficiais, discursos, atos memoriais e desfiles militares. Em seu discurso durante o Kwibohora 30, o Presidente Paul Kagame declarou: “A verdadeira libertação começa quando as armas se calam.” A frase tornou-se emblemática da filosofia de reconciliação de Ruanda, marcando a transição do silêncio das armas para a construção de instituições, cidadania e pertencimento.
Em 2025, Paul Kagame, Presidente da República de Ruanda, mais uma vez se dirigirá à nação e ao mundo no dia 4 de julho, às 14h30 no horário de Kigali (9h30 no horário de Brasília), em uma transmissão oficial virtual realizada pela RBA, reafirmando o compromisso de Ruanda com a paz, a soberania e a cooperação global.
No Brasil, a Embaixada da República de Ruanda em Brasília sediará, na próxima semana, a segunda celebração oficial do Kwibohora, reunindo autoridades governamentais, membros do corpo diplomático, parceiros e representantes da sociedade civil.
O evento marca uma nova fase da presença diplomática de Ruanda no país, aprofundando o diálogo político e econômico entre as duas nações. Desde sua criação, a missão diplomática em Brasília tem trabalhado para fortalecer pontes de cooperação em áreas como agricultura, tecnologia, educação, comércio e meio ambiente.
A primeira edição da celebração do Kwibohora no Brasil ocorreu em 29 de julho de 2024. Neste ano, a continuidade do evento simboliza não apenas a memória da libertação, mas também o crescimento de uma diplomacia ativa e construtiva que aproxima Ruanda da América Latina. Ao trazer a memória viva de sua reconstrução nacional para o Brasil, o país compartilha uma história de resiliência coletiva e oferece uma perspectiva de cooperação baseada em valores comuns de justiça, inovação e paz.
O Kwibohora31 é, portanto, mais do que uma celebração nacional; é um convite global à reflexão sobre os futuros possíveis que podem emergir no pós-conflito. No contexto brasileiro, também representa um símbolo de parceria e presença, fortalecendo os laços entre Ruanda e Brasil e estabelecendo um futuro de respeito mútuo e intercâmbio entre as nações.
No dia 10 de junho, a Embaixada de Portugal no Brasil celebrou, em Brasília, o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, com a presença de representantes de autoridades brasileiras, do corpo diplomático e da comunidade portuguesa, não só do Distrito Federal mas também de várias partes do Brasil.
O ano de 2025, em que se inicia a comemoração dos 200 anos das relações diplomáticas entre Portugal e o Brasil, reveste uma importância maior, assinalada também pela Visita de Estado do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa e pela Cimeira Bilateral que touxe a Brasília o Chefe do Governo Português e onze Ministros, ambas em fevereiro.
Nos jardins da Embaixada teve lugar um concerto da fadista Cuca Roseta, uma das mais belas interprétes de fado, estilo musical português inconfundível, para o qual também muito contribuiu o grande mestre da guitarra portuguesa Carlos Paredes que se fosse vivo comemoraria este ano o seu centésimo aniversário.
A recepção na Embaixada de Portugal também contou com vários pavilhões de empresas portuguesas e dos seus produtos, com destaque para sua gastronomia de grande qualidade.
Em seu Discurso, o Embaixador Luís Faro Ramos enfatizou sobretudo a importância das comunidades portuguesas no Brasil, valorizando o papel insubstituível, reconhecido neste país e além-fonteiras, que desempenham diariamente, e que muito contribui para a excelência do relacionamento entre os dois países e os seus povos.
A organização da Festa Nacional de Portugal teve o apoio de vários patrocinadores empresariais, como a GALP, e também a EDP e a TAP AIR PORTUGAL. Sem esquecer os azeites da SOVENA-ANDORINHA e o bacalhau BOM PORTO, bem como os vinhos proporcionados por VINIPORTUGAL, CASA SANTOS LIMA, SANTA VITÓRIA VINHOS, SABORES DE PORTUGAL – ADEGA PORTUGUESA, e os cafés DELTA. Conta ainda com o apoio do HOTEL CASA GRANDE, VFS GLOBAL, BANCO RENDIMENTO, APCER, TEIXEIRA DUARTE, SEGURANÇA ESPARTA – DINÂMICA, RANGEL, GRAVIA, EMBRAER e VILA GALÉ.
A comemoração do Dia Nacional foi uma grande mostra do melhor que Portugal, país onde tradição e modernidade andam a par, pode dar no presente ao Brasil.
Evento em Brasília comemora os 80 anos da fundação da Liga dos Estados Árabes
O Embaixador da Liga dos Estados Árabes, Qais Shqair, ofereceu uma recepção no dia 3 de junho para comemorar o aniversário da fundação da Liga dos Estados Árabes. Representantes do governo brasileiro, do corpo diplomático, da comunidade árabe e jornalistas estiveram presentes no evento, realizado na sede da Missão da Liga em Brasília.
A Liga Árabe comemorou seu 80º aniversário em 22 de março de 2025. Ela foi criada em 1945 com o objetivo de promover a cooperação e a solidariedade entre os países árabes. A organização foi fundada no Cairo, no Egito, e busca fortalecer as relações socioeconômicas, culturais e políticas entre os países membros.
É a organização mais antiga do mundo contemporâneo e tem como objetivo promover a paz e a harmonia entre os países membros e lutar por causas justas e sociais, com a Palestina no topo de sua agenda como a causa central do mundo árabe.
Em seu discurso, o Embaixador Shqair informou ao público sobre a primeira missão enviada pela Liga Árabe a 13 países americanos já em julho de 1947. A missão começou com uma visita ao Brasil e durou quase dois meses.
“A racionalização do trabalho conjunto dos 22 Estados-membros árabes em todas as áreas de cooperação por meio de conselhos ministeriais especializados serviu como porta de entrada para a Liga difundir sua missão em fóruns regionais e internacionais. O pleno envolvimento em plataformas internacionais, a Cúpula do G20 no Rio de Janeiro de 17 a 19 de novembro, está no topo da agenda multilateral da Liga.
No que diz respeito às relações amigáveis com a República Federativa do Brasil, o Secretariado-Geral da Liga Árabe tem se empenhado em realizar consultas políticas com o Ministério das Relações Exteriores, buscando o caminho certo para fortalecer a cooperação em todos os campos.
Atuando como coordenadores da parte árabe e dos países latino-americanos para o Grupo ASPA, tanto o Secretariado-Geral da Liga como o Itamaraty compartilham a vontade de promover as relações entre o mundo árabe e os países latino-americanos nos campos político, econômico e cultural.”
Objetivos:
A Liga Árabe visa fortalecer a cooperação entre os países árabes, promover a solidariedade, proteger a soberania e promover o desenvolvimento econômico e cultural.
Países membros:
A Liga Árabe é composta por 22 países localizados na Ásia e na África.
Relevância:
A Liga Árabe tem desempenhado um papel importante na promoção da paz, estabilidade e prosperidade no Oriente Médio e representa a voz conjunta dos países árabes.
Atravessando Juntos o Vento e a Chuva: A Construção de uma Comunidade de Futuro Compartilhado entre a China e a América Latina – Práticas e Perspectivas Futuras
Prefácio
A China é o vizinho da América Latina e do Caribe (ALC) do outro lado do Oceano Pacífico. Tanto a China quanto as nações da ALC são países em desenvolvimento e compartilham a mesma aspiração por independência, desenvolvimento e revitalização. Em 17 de julho de 2014, durante sua participação na reunião de líderes China-ALC realizada no Brasil, o presidente Xi Jinping fez um discurso de abertura intitulado “Construir uma Comunidade de Futuro Compartilhado para o Progresso Comum”. A partir de então, teve início uma nova etapa de parceria de cooperação abrangente entre a China e a ALC, com a construção de uma comunidade de futuro compartilhado como vínculo e objetivo.
A construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade é um novo conceito sobre relações internacionais e o futuro da sociedade humana, proposto pela primeira vez pelo presidente Xi Jinping. Este conceito tem grande e transcendental significado para promover ativamente a cooperação e os intercâmbios entre a comunidade internacional em um contexto global de mudanças sem precedentes e únicas, com o objetivo de construir um mundo caracterizado pela paz duradoura, segurança universal, prosperidade comum, abertura e inclusão. A construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade é o conceito central do Pensamento de Xi Jinping sobre a Diplomacia, bem como a meta almejada pela diplomacia chinesa na nova era (WANG, 2024). A formulação e o desenvolvimento deste conceito estão alinhados com a tendência geral do mundo e a direção do desenvolvimento humano, refletem a busca de valores comuns para toda a humanidade e apresentam planos chineses para o desenvolvimento global e o futuro da humanidade.
A construção conjunta de uma comunidade de futuro compartilhado entre a China e a ALC é uma iniciativa prática que visa aumentar a amizade e a cooperação ambos lados, com base no conceito da comunidade de futuro compartilhado para a humanidade, além de ser um novo plano para fortalecer a cooperação Sul-Sul e impulsionar a otimização contínua do sistema de governança global. A cooperação entre a China e os países da ALC na construção de uma comunidade de futuro compartilhado pela humanidade aumentará efetivamente a voz de ambos ambas as partes nos assuntos globais e contribuirá para promover a multipolaridade global, a democratização das relações internacionais e a formação de uma nova ordem política e econômica internacional justa e razoável.
Em 2024 celebra-se o 10º aniversário da proposta do presidente Xi Jinping para a comunidade de futuro compartilhado China-ALC. Nos últimos 10 anos, a ideia de construir uma comunidade de futuro compartilhado China-ALC tem recebido uma resposta e um reconhecimento cada vez mais positivos por parte dos países latino-americanos. As relações bilaterais na nova era, caracterizadas pela igualdade, benefício mútuo, inovação, abertura e bem-estar para os povos, alcançaram resultados frutíferos em diversos âmbitos da cooperação amistosa.
I. Promover a construção de uma comunidade de futuro compartilhado e os valores comuns de toda a humanidade
Atualmente, as mudanças na situação mundial estão evoluindo de forma vertiginoso. As transformações no mundo, nos tempos e na história estão se desenvolvendo de uma maneira sem precedentes. O mundo entrou em um novo período de turbulências e transformações, mas a direção geral do desenvolvimento e do progresso da humanidade não mudará, assim como a lógica de que a história mundial avança de forma sinuosa, nem a tendência de que a sociedade internacional compartilha um futuro comum. Desde o início da nova era, a construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade passou de uma iniciativa proposta pela China a um consenso internacional, de uma visão promissora a uma prática acumulada, e de uma ideia conceitual a um sistema científico (WANG, 2024). Essa iniciativa tornou-se uma brilhante bandeira que lidera o progresso dos tempos ao defender os valores comuns de toda a humanidade. Adaptando-se à corrente dos tempos, a China e a ALC estão construindo uma comunidade de futuro compartilhado ainda mais estreita e impulsionam as relações bilaterais a uma nova etapa, em que a cooperação integral e a cooperação bilateral avançam em paralelo e se reforçam mutuamente, tornando-se, assim, um exemplo de cooperação Sul-Sul na nova era.
1. Conceito central do pensamento de Xi Jinping sobre a diplomacia
O relatório apresentado em 8 de novembro de 2012, no 18º Congresso Nacional do Partido Comunista da China (PCCh), introduziu pela primeira vez o conceito de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade. Em 5 de dezembro do mesmo ano, ao se reunir com personalidades estrangeiras após assumir o cargo de secretário-geral do Comitê Central do PCCh, Xi Jinping destacou que a comunidade internacional havia se tornado, ao longo do tempo, uma comunidade de futuro compartilhado e que, diante da complexa situação da economia mundial e dos problemas globais, nenhum país poderia salvar-se sozinho. Após essa reunião, a “comunidade de futuro compartilhado para a humanidade” passou a ser um novo conceito reiterado frequentemente por líderes chineses e documentos governamentais.
Em 18 de janeiro de 2017, o presidente Xi Jinping participou de uma conferência de alto nível no Palácio das Nações, em Genebra, e fez um discurso intitulado “Trabalhar para Construir Uma Comunidade de Futuro Compartilhado para a Humanidade”, no qual desenvolveu de maneira profunda, abrangente e sistemática o conceito. Em 10 de fevereiro do mesmo ano, a Comissão de Desenvolvimento Social da ONU, em sua a 55ª sessão, aprovou por consenso a resolução “Dimensões Sociais da Nova Parceria para o Desenvolvimento da África”, que instou a comunidade internacional a fortalecer o apoio ao desenvolvimento econômico e social do continente africano, com espírito de cooperação, benefícios compartilhados e construção da comunidade de futuro compartilhado para a humanidade. Foi a primeira vez que uma resolução da ONU incluiu o conceito de “construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade”.
Em outubro de 2022, o relatório apresentado ao 20º Congresso Nacional do PCCh incorporou a construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade como parte essencial da modernização chinesa. O documento destacou que a China se dedicará a promover a construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade, mantendo-se fiel ao propósito de uma política externa que salvaguarde a paz mundial e fomente o desenvolvimento comum.
Na Conferência Central sobre o Trabalho dos Assuntos Exteriores, realizada em 27 e 28 de dezembro de 2023, em Beijing, foi destacado que a construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade é o conceito central do Pensamento de Xi Jinping sobre a Diplomacia. Representa uma compreensão cada vez mais profunda do PCCh sobre as leis que regem o desenvolvimento da sociedade humana e constitui um projeto que a China apresenta sobre o tipo de mundo que deseja construir e como fazê-lo. Esse conceito reflete a visão de mundo, a percepção de ordem e os valores dos comunistas chineses, alinhando-se com as aspirações comuns de todos os povos e indicando o caminho para o progresso das civilizações mundiais. Além disso, é o objetivo nobre que a China busca alcançar ao conduzir uma diplomacia de grande potência com características chinesas na nova era.
2. Iniciativas e ações da China orientadas pelo conceito de construção de uma comunidade de futuro compartilhado
Ao mesmo tempo em que defende o importante conceito de construir uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade, o presidente Xi Jinping apresentou uma proposta pioneira para promover a formação de um novo tipo de relações internacionais, caracterizado pelo respeito mútuo, pela equidade e justiça, e pela cooperação com benefícios compartilhados. Além disso, o presidente Xi Jinping propôs a Iniciativa Cinturão e Rota (ICR), a Iniciativa de Desenvolvimento Global (IDG), a Iniciativa de Segurança Global (ISG) e a Iniciativa de Civilização Global (ICG), com o objetivo de abrir um caminho prático e criar condições fundamentais para a construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade. Essas iniciativas instam os países a trabalharem juntos para enfrentar desafios, alcançar prosperidade comum e impulsionar o mundo rumo a um futuro promissor de paz, segurança, prosperidade e progresso.
A Iniciativa Cinturão e Rota: aderindo ao princípio de consulta extensiva, contribuição conjunta para benefício compartilhado, praticando o multilateralismo genuíno. Em setembro e outubro de 2013, durante visitas aos países da Ásia Central e do Sudeste Asiático, o presidente Xi Jinping propôs duas importantes iniciativas: a construção conjunta do Cinturão Econômico da Rota da Seda e da Rota da Seda Marítima do Século XXI, conhecidas conjuntamente como a Iniciativa Cinturão e Rota (ICR). Os pilares dessa iniciativa incluem a coordenação de políticas, a conectividade de infraestrutura, a facilitação do comércio, a integração financeira e o entendimento mútuo entre os povos. A construção conjunta da ICR estabeleceu uma nova ponte para que os países envolvidos fortaleçam os intercâmbios, promovam entendimento, respeito e confiança recíprocos, além de desenvolvimento, prosperidade e progresso compartilhados, ganhando, assim, considerável atenção da comunidade internacional. Até o final de junho de 2023, a China havia assinado mais de 200 documentos de cooperação para a construção conjunta do Cinturão e Rota com 152 países e 32 organizações internacionais, abrangendo 83% dos países com os quais a China mantém relações diplomáticas.
Iniciativa de Desenvolvimento Global: priorizando o bem-estar das pessoas e promovendo o desenvolvimento sustentável. Em 21 de setembro de 2021, durante discurso proferido para o debate geral da 76ª sessão da Assembleia Geral da ONU, o presidente Xi Jinping apresentou a Iniciativa de Desenvolvimento Global (IDG). Seus princípios incluem a priorização do desenvolvimento, uma abordagem centrada nas pessoas, benefícios amplos e inclusivos, a inovação como motor do progresso, a coexistência harmoniosa entre os seres humanos e a natureza, e a orientação prática para ações. A IDG propõe soluções para desafios globais de desenvolvimento e serve como guia para a cooperação internacional. Até o final de 2023, mais de 100 países e organizações internacionais haviam manifestado apoio à IDG, mais de 70 países haviam se juntado ao Grupo de Amigos da IDG, e quase 30 países e organizações assinaram memorandos de cooperação com a China, integrando a IDG às suas estratégias de desenvolvimento.
Iniciativa de Segurança Global: enfrentando os desafios de segurança internacional para alcançar uma paz global duradoura. Em 21 de abril de 2022, durante a Conferência Anual do Fórum Boao para a Ásia, o presidente Xi Jinping propôs a Iniciativa de Segurança Global (ISG). Seus princípios incluem a segurança comum, abrangente, cooperativa e sustentável; respeito à soberania e à integridade territorial; cumprimento dos princípios da Carta das Nações Unidas; consideração às preocupações de segurança de todos os países; resolução pacífica de desacordos e disputas entre países por meio de diálogo e consulta; resolução pacífica de disputas e garantia de segurança em áreas tradicionais e não tradicionais. A ISG rejeita confrontos, promove o diálogo e busca a cooperação para enfrentar ameaças à segurança global.
Iniciativa de Civilização Global: promover intercâmbios e aprendizado mútuo entre civilizações e construir um mundo aberto e inclusivo. Em 15 de março de 2023, durante a Reunião de Alto Nível do PCCh sobre o Diálogo com os Partidos Políticos Mundiais, Xi Jinping, secretário-geral do Comitê Central do PCCh, propôs pela primeira vez a Iniciativa de Civilização Global. Seus principais conteúdos incluem: respeitar a diversidade de civilizações no mundo, promover os valores comuns a toda a humanidade, valorizar a herança e a inovação das civilizações, e fortalecer os intercâmbios e a cooperação internacionais entre os povos. A ICG tem como objetivo oferecer soluções para a governança global e para as relações entre países e diferentes culturas. Elevou o diálogo político a um novo patamar ao propor caminhos para que países com diferentes culturas, histórias, religiões, modos de vida e sistemas políticos e sociais alcancem uma convivência pacífica. Persiste em superar o distanciamento com o intercâmbio, a confrontação com o aprendizado mútuo e o complexo de superioridade cultural com a inclusão, a fim de injetar uma poderosa energia positiva para promover a construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade.
A terceira sessão plenária do 20º Comitê Central do PCCh, realizada em julho de 2024, reafirmou que, no trabalho no exterior, é fundamental buscar uma política externa independente e pacífica, promover a construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade, implementar os valores comuns da humanidade, e implementar a Iniciativa de Desenvolvimento Global, a Iniciativa de Segurança Global e a Iniciativa de Civilização Global. Além disso, destacou-se a importância de fomentar multipolarização global igualitária e ordenada, bem como uma globalização econômica de benefício geral e inclusiva.
O conceito de construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade está especificamente incorporado em quatro aspectos da política externa da China na nova era: em primeiro lugar, a China busca firmemente uma política externa independente e pacífica, sempre determina suas posições e políticas com base nos méritos, defende as regras básicas das relações internacionais e salvaguarda a equidade e a justiça internacionais; em segundo lugar, a China persiste no desenvolvimento de uma cooperação amigável com outros países com base nos Cinco Princípios de Coexistência Pacífica, promove a construção de um novo tipo de relações internacionais, aprofunda e amplia as relações de parceria global de igualdade, abertura e cooperação e está comprometida em ampliar a convergência de interesses com todos os países; em terceiro lugar, a China persevera na política estatal básica de abertura para o mundo exterior, implementa resolutamente a estratégia de abertura para benefício mútuo e compartilhamento de ganhos, continua a oferecer novas oportunidades para o mundo com o novo desenvolvimento da China e impulsiona a construção de uma economia mundial aberta para beneficiar melhor as pessoas de todos os países; por fim, a China participa ativamente da reforma e da construção do sistema de governança global, implementa o conceito de governança global caracterizado pela co-deliberação, co-edificação e co-distribuição, busca o multilateralismo genuíno e impulsiona a democratização das relações internacionais, com o objetivo de promover uma governança global mais justa e racional.
Sob o conceito de avançar na construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade, a China persiste em promover a construção de um mundo de paz duradoura por meio de diálogos e consultas, de um mundo de segurança universal por meio de co-construção do benefício compartilhado, de um mundo de prosperidade comum por meio de cooperação e dos ganhos mútuos, de um mundo aberto e inclusivo por meio de intercâmbios e aprendizado mútuo, assim como de um mundo limpo e belo através de um desenvolvimento ecológico e de baixo carbono. Essa visão reflete o compromisso da China em criar um futuro sustentável, harmonioso e inclusivo para toda a humanidade.
O conceito de construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade, que se posiciona no lado correto da história e do progresso humano, estabelece uma nova abordagem às relações internacionais, oferece uma nova sabedoria para a governação global, cria uma nova configuração para os intercâmbios globais e apresenta uma nova visão para um mundo melhor, sendo amplamente reconhecido e apoiado pela comunidade internacional (Gabinete de Informação do Conselho de Estado da República Popular da China, 2023).
II. Construir conjuntamente uma comunidade China-ALC de futuro compartilhado e impulsionar relações bilaterais estáveis e duradouras na nova era
1. Construção conjunta de uma comunidade de futuro compartilhado China-ALC
A comunidade de futuro compartilhado China-ALC é uma iniciativa prática voltada para o fortalecimento da amizade e cooperação entre as duas partes, baseada no conceito de comunidade de futuro compartilhado para a humanidade. Em 17 de julho de 2014, durante sua participação na reunião de líderes da China e dos países ALC, realizada no Brasil, o presidente Xi Jinping fez um discurso intitulado “Construir uma Comunidade de Futuro Compartilhado para o Progresso Comum”, no qual propôs a construção de um novo modelo de relações entre a China e a ALC, fundamentado em cinco pilares: confiança mútua e sinceridade na política, cooperação e ganho compartilhado na economia e no comércio, aprendizado mútuo na cultura, coordenação estreita nos assuntos internacionais e impulso mútuo entre a cooperação abrangente e as relações bilaterais. Dessa forma, foi criada uma comunidade de futuro compartilhado voltada para o progresso comum entre a China e a ALC.
Nos últimos dez anos, o presidente Xi Jinping realizou seis visitas à ALC, elaborando pessoalmente o roteiro para o desenvolvimento das relações bilaterais. No México, o presidente Xi Jinping expressou sua mensagem mais profunda para a cooperação China-ALC, destacando a expectativa de que, com esforços conjuntos, ambas as partes estabelecessem o quanto antes um fórum de cooperação China-ALC, aproveitassem plenamente seus respectivos pontos fortes, construíssem uma plataforma maior para promover a parceria de cooperação abrangente China-ALC e trabalhassem juntos para aumentar a energia positiva para a estabilidade e a prosperidade da região da Ásia-Pacífico. No Brasil, o presidente Xi Jinping enfatizou a necessidade de compartilhar um futuro comum e fortalecer continuamente a confiança estratégica; compartilhar o desenvolvimento e aprofundar a integração das estratégias de desenvolvimento; compartilhar a responsabilidade e demonstrar o papel de China e Brasil na manutenção da paz e a justiça globais; bem como compartilhar as mesmas tristezas e alegrias, contribuindo conjuntamente para a construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade. No Peru, o presidente Xi Jinping ressaltou que ambas as partes deveriam sustentar a bandeira da paz, do desenvolvimento e da cooperação, trabalhar juntas para construir o grande navio da comunidade de futuro compartilhado China-ALC e cooperar de boa fé no caminho para a realização do sonho chinês e do sonho latino-americano, elevando a parceria de cooperação integral entre as duas partes para um nível ainda mais elevado.
A diplomacia do chefe de Estado tem sido fundamental para orientar o rumo das relações entre a China e a ALC na nova era. O presidente Xi Jinping realizou encontros, enviou cartas e telegramas e fez ligações telefônicas com chefes de Estado ou de Governo de países como México, Brasil, Peru, Chile, Honduras, Guiana, Venezuela, Argentina, Colômbia, Uruguai, Suriname, Cuba, Barbados, Antígua e Barbuda, República Dominicana, entre outros da região. Termos como “cooperação” e “desenvolvimento” têm sido palavras recorrentes nessas trocas diplomáticas entre chefes de Estado. O nível das relações entre a China e países como Panamá, República Dominicana, El Salvador, Uruguai, Colômbia e Nicarágua foi elevado. A construção de um novo modelo de relações entre a China e a ALC, baseada nos cinco pilares propostos pelo presidente Xi Jinping, tem sido calorosamente acolhida pelos líderes da região.
2. As relações China-ALC na nova era
Nos últimos dez anos, sob a liderança conjunta do presidente Xi Jinping e dos líderes dos países da ALC, as relações bilaterais avançaram continuamente na nova era, com base nos princípios de igualdade, benefício mútuo, inovação, abertura e bem-estar dos povos. A construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade entre a China e a ALC tem progredido de forma estável e duradoura (Wu e Liu, 2021). Até o final de novembro de 2024, 22 países da ALC haviam assinado documentos de cooperação com a China para a construção conjunta da Iniciativa Cinturão e Rota (ICR). O novo marco de cooperação “1+3+6”, proposto pela China, aprimorou a cooperação pragmática entre a China e a ALC, fortalecendo os laços em múltiplas áreas e criando novas oportunidades para o desenvolvimento das relações bilaterais. O caminho da modernização da China proporcionou uma referência valiosa para os países da ALC e ofereceu novas oportunidades para o desenvolvimento das relações bilaterais. A prática da construção conjunta de uma comunidade de futuro compartilhado entre a China e a ALC entrou em um novo estágio e embarcou em uma nova jornada.
Atualmente, essa grande prática apresenta as cinco características a seguir:
Primeiro, a confiança política mútua tem se fortalecido constantemente. Nos últimos dez anos, a China e a ALC mantiveram intercâmbios frequentes e comunicação estratégica de alto nível, o que injetou dinamismo contínuo na parceria de cooperação abrangente, baseada na igualdade, benefício mútuo e desenvolvimento comum. Sob a liderança da diplomacia de chefes de Estado, a confiança política entre a China e a ALC continuou a se aprofundar e a cooperação pragmática continuou a se expandir. Países como Panamá, República Dominicana, El Salvador, Nicarágua e Honduras estabeleceram ou restabeleceram relações diplomáticas com a China. Além disso, muitos países da região se juntaram à construção de alta qualidade da ICR e apoiaram iniciativas como a IDG, a ISG e a ICG, promovendo a construção de uma comunidade de futuro compartilhado entre China e ALC.
Em segundo lugar, a cooperação econômica, comercial e de investimentos continuou a se aprofundar. Em julho de 2014, o presidente Xi Jinping estabeleceu metas grandes para a cooperação econômica e comercial entre a China e a ALC: atingir um volume de comércio de 500 bilhões de dólares e um estoque de investimentos de 250 bilhões de dólares em dez anos. Essas metas foram amplamente cumpridas. Em 2014, o volume do comércio de mercadorias entre a China e a ALC foi de aproximadamente US$ 263,5 bilhões, crescendo para US$ 489 bilhões em 2023; enquanto o estoque de investimentos das empresas chinesas na ALC foi de aproximadamente US$ 106,1 bilhões em 2014 e atingiu US$ 596,2 bilhões em 2022. A China é o segundo maior parceiro comercial da ALC e o maior de países como Brasil, Chile, Peru e Uruguai. A China é a terceira maior fonte de investimento na ALC, enquanto a ALC é o segundo destino mais importante para o investimento estrangeiro chinês e um parceiro importante na cooperação internacional em capacidade produtiva. Até março de 2024, Chile, Peru, Costa Rica, Equador e Nicarágua se tornaram sucessivamente parceiros de livre comércio da China. A cooperação econômica, comercial e de investimentos entre a China e a ALC tem sido cheia de vitalidade, criando um modelo exemplar para a cooperação Sul-Sul e fortalecendo a confiança no desenvolvimento econômico geral.
Em terceiro lugar, a cooperação na construção de infraestrutura tem avançado de forma constante. A China apoia e participa ativamente da construção da conectividade na região da ALC. Sob a estrutura da construção conjunta do Cinturão e Rota, as empresas chinesas realizaram muitos projetos de infraestrutura na ALC, inclusive em setores como transporte, energia, telecomunicações, saúde e educação, melhorando efetivamente o nível de conectividade local e a capacidade de desenvolvimento econômico na região. O investimento e a construção de infraestrutura se tornaram um dos campos com maior potencial de crescimento na cooperação entre a China e a ALC. Atualmente, a ALC é o terceiro maior mercado para os contratos de infraestrutura chineses. As empresas chinesas contribuíram para reduzir as deficiências de infraestrutura da região, melhoraram a qualidade de vida de milhões de habitantes e promoveram empregos locais. Por exemplo, a CRRC Corporation Limited da China e o governo do estado brasileiro de São Paulo assinaram o projeto do Eixo Norte da Ferrovia Interurbana de São Paulo, que visa criar o sistema ferroviário interurbano mais rápido e moderno do Brasil. Esse projeto não apenas atenderá à demanda da população brasileira por transporte conveniente, mas também gerará diretamente dezenas de milhares de empregos, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social local.
Em quarto lugar, os intercâmbios entre pessoas continuaram a se expandir. Os intercâmbios interpessoais e culturais entre a China e a ALC estão se tornando mais frequentes. O estabelecimento de Institutos Confúcio e a organização de atividades culturais promoveram o entendimento mútuo entre os dois povos e fortaleceram sua amizade. A cooperação em áreas como cultura, educação e turismo, bem como a cooperação entre os governos locais e a mídia de ambos os lados, aumentaram a proximidade entre os dois povos. A China e a ALC continuaram a expandir a cooperação em treinamento de talentos e treinamento vocacional, com um aumento constante no número de estudantes de intercâmbio entre os dois lados. Os fóruns e plataformas para intercâmbios pessoais e culturais estão se tornando cada vez mais especializados e diversificados. Os intercâmbios entre pessoas são vibrantes e desempenham um papel especial como ponte e elo para promover a compreensão mútua e a amizade. Em outubro de 2022, a China havia estabelecido relações de geminação com 196 cidades, províncias ou estados da região da ALC (WU, 2021). As empresas chinesas na ALC estão cumprindo ativamente sua responsabilidade social e se integrando às comunidades locais. Por exemplo, a Corporação das Três Gargantas (CTG), uma empresa chinesa de energia, colaborou com a Universidade Ricardo Palma, do Peru, na criação da Bolsa de Estudos CTG para incentivar estudantes peruanos de destaque a se tornarem pilares do desenvolvimento do país e embaixadores da amizade entre a China e o Peru.
Em quinto lugar, ambas as partes têm coordenado estreitamente em relação à governança multilateral. A China e a ALC mantêm uma colaboração próxima em plataformas multilaterais, como as Nações Unidas, trabalhando juntas para defender o multilateralismo, a justiça e a equidade internacionais, além de pressionarem pela reforma e aperfeiçoamento do sistema de governança global. Ambas as partes alcançaram amplos consensos sobre temas de governança global, questões internacionais e regionais importantes, a estruturação de uma comunidade China-ALC de futuro compartilhado e a construção de uma ordem internacional mais justa e racional. Além disso, China e ALC têm se apoiado mutuamente em questões que envolvem seus interesses centrais e preocupações-chave. Juntos, China e Brasil emitiram conjuntamente um consenso de seis pontos sobre a solução política para a crise da Ucrânia, que recebeu o apoio e a resposta de mais de 100 países, enviando uma forte voz da China e da ALC em favor da paz, da equidade, da justiça, da cooperação e dos benefícios compartilhados. Em novembro de 2024, o presidente Xi Jinping foi convidado para a 31ª Reunião de Líderes Econômicos do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), realizada em Lima, e realizou uma visita de Estado ao Peru. Posteriormente, participou da 19ª Cúpula de Líderes do G20, realizada no Rio de Janeiro, e realizou também uma visita de Estado ao Brasil. A viagem do presidente Xi Jinping à ALC, com foco na região, conexão com a Ásia-Pacífico e uma visão global, foi um percurso de amizade que cruzou montanhas e mares, uma jornada de unidade para promover o desenvolvimento e um esforço de cooperação para expandir as relações de parceria. Essa visita impulsionou o desenvolvimento saudável e estável das relações entre grandes potências, liderou a solidariedade e o fortalecimento do Sul Global, e enriqueceu as novas práticas para construir uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade. Durante a cúpula do G20, o presidente Xi Jinping apresentou as oito ações da China para o desenvolvimento global, como a adesão à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, a proposta de uma Iniciativa de Cooperação Internacional de Ciência Aberta, apresentada em conjunto com países do Sul Global, como o Brasil, e a ampliação da abertura unilateral para os países menos desenvolvidos, entre outras medidas. Essas iniciativas demonstram a estreita comunicação e apoio mútuo entre a China e os países da ALC em fóruns multilaterais, bem como sua firme determinação de promover o desenvolvimento global conjunto, a multipolaridade mundial e a manutenção da equidade e da justiça internacionais.
III. Perspectivas sobre a construção de uma comunidade de futuro compartilhado China-ALC a partir de uma perspectiva do Sul Global
A China e a ALC são membros naturais do Sul Global, e a construção de uma comunidade de futuro compartilhado China-ALC é essencialmente uma cooperação Sul-Sul. Portanto, a exploração e a prática da construção de uma comunidade de futuro compartilhado entre a China e a ALC não têm apenas significado bilateral, mas também multilateral. Nos próximos 10 anos, dessa comunidade estabelecerá uma tendência de desenvolvimento substancial.
1. As parcerias levam a cooperação abrangente China-ALC a uma nova era
Desde o início deste século, as relações China-ALC vêm se aprofundando e apresentando um padrão de cooperação multinível, amplo e abrangente, no qual as parcerias têm desempenhado um papel de destaque. Até o momento, a China estabeleceu parcerias de múltiplos níveis e tipos com 15 países latino-americanos: 5 parcerias estratégicas, 1 parceria estratégica de cooperação, 8 parcerias estratégicas abrangentes e 1 parceria estratégica para todos os tempos. A construção da rede de parcerias China-ALC não apenas aprofundou a confiança política mútua, mas também expandiu as áreas de cooperação e injetou vitalidade nas relações China-ALC. Desde o início do século XXI, oito países da América Latina e do Caribe estabeleceram ou retomaram relações diplomáticas com a China, aumentando para 26 o número de países na região com os quais a China mantém relações diplomáticas formais.
Olhando para o futuro, acreditamos que a rede de parcerias China-ALC não só continuará a se expandir, mas também se tornará cada vez mais profunda, levando a cooperação abrangente China-ALC a uma nova era de igualdade, benefício mútuo, inovação, abertura e benefício para os povos. Este julgamento baseia-se em quatro características da construção de uma parceria com a China.
Em primeiro lugar, a igualdade é a base da parceria. Esse modelo difere da diplomacia tradicional das grandes potências e permite que os países latino-americanos sintam a sinceridade e a responsabilidade da China na cooperação.
Em segundo lugar, o benefício mútuo e o ganho compartilhado são o objetivo desta parceria. Sob o marco do benefício mútuo, as áreas de cooperação entre a China e a ALC foram ampliadas e aprofundadas, trazendo benefícios tangíveis para os países latino-americanos e promovendo, ao mesmo tempo, o desenvolvimento da China.
Em terceiro lugar, a inovação e a abertura são características fundamentais da parceria na nova era. Ambas as partes estão promovendo o desenvolvimento das relações China-ALC para níveis de qualidades mais elevadas por meio da inovação nos modos e conteúdos da cooperação e da abertura de áreas de cooperação como parceiros.
Em quarto lugar, beneficiar o sustento dos povos é a essência da parceria. O objetivo final da parceria China-ALC é contribuir para o bem-estar das populações de ambos os lados. Por isso, a China tem se concentrando na cooperação em áreas como alívio da pobreza, educação, assistência médica e outros programas voltados para subsistência, com o objetivo de ajudar os países latino-americanos a elevar seus níveis de desenvolvimento social.
2. Economia digital e desenvolvimento verde para promover a qualidade e o aprimoramento da cooperação econômica e comercial entre a China e a ALC
A cooperação econômica e comercial é o elo central na construção de uma comunidade de futuro compartilhado entre a China e a ALC. O volume de comércio entre a China e a ALC cresceu de menos de US$ 100 bilhões no início deste século para quase US$ 500 bilhões, e o investimento direto da China na ALC aumentou de US$ 10 bilhões para quase US$ 700 bilhões entre 2005 e 2023. Enquanto isso, a China assinou ou otimizou acordos de livre comércio (FTAs, na sigla em inglês) com Costa Rica, Equador, Nicarágua, Chile, Peru e outros países, o que apoiou firmemente o desenvolvimento sustentado e estável da cooperação econômica e comercial bilateral. Até o final de 2023, o número de empresas financiadas pela China na ALC chegou a mais de 3.000, e a tendência de empresas se mudarem para a região continua forte. O estreitamento dos laços econômicos e comerciais proporcionou uma base material sólida para a construção de uma comunidade de futuro compartilhado China-ALC.
No entanto, a cooperação econômica e comercial entre a China e a ALC enfrenta o desafio de melhorar sua qualidade. Nos próximos 10 anos, o Sul Global acelerará sua transformação digital e ecológica, o que oferece uma oportunidade para a cooperação China-ALC promover a integração profunda da economia digital e do desenvolvimento ecológico.
Em primeiro lugar, a economia digital está provocando mudanças profundas no modo de cooperação econômica e comercial entre a China e a ALC. Por um lado, as vantagens tecnológicas e a escala de mercado da China no campo da economia digital proporcionam um amplo espaço para a cooperação China-ALC e, por outro lado, as empresas chinesas apoiam a construção de infraestrutura digital nos países latino-americanos por meio de investimentos em tecnologia e exportação, de modo a ajudá-los a acelerar a transformação digital.
Em segundo lugar, a cooperação em energia limpa e a construção de cadeias de suprimentos verdes promoveram a transformação verde da China e da ALC. Nos últimos anos, a China e a ALC não apenas promoveram vigorosamente a cooperação nas áreas de energia fotovoltaica, energia eólica e veículos de novas energias, mas também fortaleceram a construção de cadeias de suprimentos verdes em áreas comerciais tradicionais, como produtos agrícolas, recursos minerais e indústrias de manufatura, com o objetivo de ajudar a China e a ALC em seu desenvolvimento verde.
Além disso, impulsionada pelas tendências duplas de digitalização e transição ecológica, a cooperação econômica e comercial entre a China e a ALC está avançando para um nível mais profundo de integração. A integração da digitalização e do desenvolvimento verde está promovendo a expansão gradual da cooperação econômica e comercial entre a China e a ALC, da tradicional exportação de matérias-primas e energia para setores de alto valor agregado, e da “expansão quantitativa” para o “aprimoramento qualitativo”.
3. Desenvolver a cooperação intelectual para criar um novo modelo de intercâmbio e aprendizado mútuo entre as civilizações da China e da ALC
Em 2014, o presidente Xi Jinping propôs o “aprendizado e apreciação mútuos nas ciências humanas” como um dos cinco pilares para a construção de uma comunidade China-ALC de futuro compartilhado. Nos últimos 10 anos, uma tendência importante foi a expansão da cooperação China-ALC para além das esferas políticas e econômicas tradicionais, incluindo intercâmbios humanísticos, compartilhamento de conhecimento e apreciação mútua de civilizações em um nível mais profundo. Por um lado, essa mudança foi impulsionada pelo rápido desenvolvimento das relações econômicas e comerciais entre a China e a ALC e, por outro, pelo incentivo dos governos de ambos os lados em termos políticos. Nesse contexto, a escala, o escopo e a frequência dos intercâmbios humanísticos entre a China e a ALC alcançaram um desenvolvimento sem precedentes. De acordo com estatísticas parciais, até 2024, haverá 48 Institutos Confúcio e mais de 80 institutos de pesquisa chineses ou relacionados à China em 26 países latino-americanos, enquanto mais de 160 instituições de ensino superior na China oferecem cursos de espanhol ou português, e o número de institutos de pesquisa latino-americanos na China também aumentou para 67.
Com a expectativa comum de um desenvolvimento de maior qualidade, é urgente que a China e a ALC progridam no intercâmbio e na cooperação de conhecimento, de modo a criar um novo padrão de intercâmbio e aprendizado mútuo entre as civilizações chinesa e latino-americana. No futuro, espera-se que a cooperação no campo do conhecimento alcance novos avanços em diversas áreas.
Em primeiro lugar, a promoção da cooperação em inovação e transferência de tecnologia. Os dois lados podem redobrar seus esforços com relação à cooperação em inovação e transferência de tecnologia, especialmente em setores avançados, como economia digital, energia limpa, tecnologia médica etc., com o objetivo de promover conjuntamente a inovação industrial e aumentar a competitividade no mercado global.
Em segundo lugar, a cooperação no campo do desenvolvimento sustentável deve ser ampliada. O desenvolvimento da cooperação em conhecimento deve se concentrar mais na área de desenvolvimento sustentável. Ambos os lados podem fortalecer a cooperação em áreas como mudanças climáticas, proteção verde e tecnologia verde, e compartilhar suas experiências de sucesso e melhores práticas na formulação de políticas e implementação de tecnologia.
Em terceiro lugar, a cooperação entre plataformas bilaterais e multilaterais deve ser fortalecida. Ambos os lados devem prestar muita atenção ao compartilhamento de práticas recomendadas ou experiências de desenvolvimento entre plataformas ou dentro delas. Isso não só ajudará a China e a ALC a aprender com o conhecimento sobre desenvolvimento ou com as experiências de cooperação de outras regiões, mas também promoverá a cooperação Sul-Sul e contribuirá com a sabedoria de desenvolvimento da China e da ALC para o desenvolvimento e a governança globais.
4. Moldar um novo paradigma de cooperação no Sul Global, tanto bilateral quanto coletivamente
Para promover a construção de uma comunidade China-ALC de futuro compartilhado, o presidente Xi Jinping propôs em 2014 um modelo de “duas rodas” de engajamento em assuntos regionais e internacionais, ou seja, “cooperação coletiva e relações bilaterais de reforço mútuo” em assuntos latino-americanos e “cooperação estreita em assuntos internacionais”. Isso significa que, por um lado, a China e os países latino-americanos podem continuar a usar e otimizar os mecanismos bilaterais existentes, como comitês bilaterais de cooperação de alto nível ou comitês conjuntos de alto nível; e, por outro lado, em questões de governança global, a China pode não apenas buscar políticas comuns com países latino-americanos de forma individual, mas também coordenar e unificar suas posições com base em mecanismos de cooperação coletiva, como o Fórum China-CELAC. Esse modelo de interação virtuosa entre mecanismos bilaterais e globais não só melhorará muito as relações entre a China e a ALC, mas também será um bom exemplo para que o Sul Global coopere na promoção de mudanças no sistema de governança global e na formação de um sistema multilateral mais representativo. No futuro, espera-se que a China e a ALC fortaleçam ainda mais a cooperação na governança global nos seguintes níveis.
Primeiro, o multilateralismo deve ser defendido em conjunto. Ambos os lados devem fortalecer ainda mais a coordenação em plataformas multilaterais, como as Nações Unidas, a Organização Mundial do Comércio e o G20, continuar a promover uma ordem internacional baseada em regras e defender os interesses gerais do Sul Global, salvaguardando conjuntamente o multilateralismo.
Em segundo lugar, a reforma do sistema de governança global deve ser promovida. Ambos os lados concordam que o atual sistema de governança global deve se tornar mais inclusivo e equitativo. No futuro, ambos os lados continuarão a promover a reforma dos mecanismos de governança global, incluindo finanças internacionais, comércio e mudanças climáticas, e a aumentar a representação e a voz dos países em desenvolvimento na governança global.
Em terceiro lugar, a coordenação e a cooperação sobre as mudanças climáticas devem ser fortalecidas. A China e a ALC têm interesses comuns no enfrentamento das mudanças climáticas. Em especial, com a COP30 a ser realizada no Brasil em 2025, os dois lados continuarão a coordenar suas posições sobre as mudanças climáticas e a defender conjuntamente o princípio de “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”.
IV. Alcançando a prosperidade e o desenvolvimento comuns e construindo um futuro melhor para a China e a ALC
Nos últimos 10 anos, apesar das notáveis conquistas na construção de uma comunidade China-ALC com futuro compartilhado, a mudança da situação internacional e alguns problemas estruturais na cooperação bilateral continuam a representar desafios consideráveis para a sustentabilidade das relações China-ALC. A fim de promover ainda mais a construção de uma comunidade China-ALC de futuro compartilhado, podemos nos concentrar e impulsionar nos três aspectos a seguir no futuro:
1. Construção conjunta de alta qualidade da Iniciativa Cinturão e Rota: injetando um novo impulso no desenvolvimento verde da China e da ALC
A Iniciativa Cinturão e Rota (ICR) é um grande esforço na construção de uma comunidade China-ALC de futuro compartilhado, e é seu principal caminho. Até o momento, a China assinou memorandos de entendimento com 22 países da ALC sobre a construção conjunta da ICR, assinou planos de cooperação com Jamaica, Suriname, Cuba, Argentina, Chile e Uruguai para promover conjuntamente a construção da ICR e estabeleceu um mecanismo de coordenação para a cooperação na construção da ICR com Cuba, além de promover continuamente o reforço das sinergias entre a Iniciativa Cinturão e Rota e estratégias de desenvolvimento do Brasil. Nos últimos 10 anos, a China e a ALC alcançaram resultados notáveis na construção conjunta da ICR: a política e a coordenação do Cinturão e Rota têm sido muito eficazes, e essa iniciativa tem sido uma importante fonte de inspiração para a China e a ALC. A comunicação política e a complementaridade estratégica se aprofundaram, a conectividade da infraestrutura foi fortalecida, a cooperação comercial e de investimentos cresceu aos trancos e barrancos, o financiamento de capital continuou a se desenvolver de forma inovadora, e os intercâmbios humanísticos e o aprendizado mútuo atingiram um novo patamar.
No entanto, diante das mudanças no cenário econômico global e dos desafios da recuperação global após a pandemia da COVID-19, a construção conjunta de alta qualidade do Cinturão e Rota tornou-se o caminho central para aprofundar a construção de uma comunidade China-ALC de futuro compartilhado. Para isso, os esforços devem ser redobrados nas seguintes áreas:
Promover a construção do “Cinturão e Rota Verde”. Em vista da necessidade urgente de desenvolvimento global sustentável, a construção da ICR deve dar maior ênfase ao desenvolvimento verde e à proteção ambiental. Portanto, os dois lados devem fortalecer o intercâmbio e a cooperação nas áreas de finanças verdes, padrões e tecnologias verdes e capacitação verde.
Promover a cooperação no “Cinturão e Rota Digital”. A decolagem da economia digital oferece uma nova oportunidade para a China e a ALC construírem conjuntamente a ICR. A China e a ALC devem promover vigorosamente a construção do “Cinturão e Rota Digital”, fortalecer a cooperação na construção de infraestrutura digital, na facilitação do comércio digital e no treinamento de habilidades digitais, além de impulsionar a transformação digital dos países latino-americanos.
Promover a construção de mecanismos de cooperação multilateral. No futuro, será necessário fortalecer a cooperação com organizações internacionais, como o Banco Mundial e o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB, na sigla em inglês), bem como promover inovações nos mecanismos de cooperação regional, fomentar a articulação com organizações regionais, como o Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF) e o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), e se esforçar para integrar o ICR nas agendas de desenvolvimento regional e global.
Promover uma cooperação aprofundada na cadeia industrial e na cadeia de suprimentos. No futuro, a construção do Cinturão e Rota deve se concentrar na integração profunda de ambos os lados na cadeia industrial e na cadeia de suprimentos, e promover a transformação dos países latino-americanos de indústrias de baixo valor agregado para indústrias de alto valor agregado, a fim de ajudá-los a sair da armadilha da “desindustrialização”.
Promover a transparência e a inclusão em projetos de cooperação. A construção de alta qualidade do Cinturão e Rota requer a garantia de transparência e inclusão dos projetos, reduzindo os riscos de cooperação e os conflitos sociais causados pela assimetria de informações, de modo que os projetos de cooperação possam realmente servir ao desenvolvimento econômico e social local e melhorar os meios de subsistência das pessoas.
2. Melhorar o Fórum China-CELAC para aproveitar ao máximo os novos benefícios da cooperação abrangente China-ALC
Em julho de 2014, o fórum entre a China e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, o Fórum China-CELAC, foi estabelecido, marcando o início de um novo modelo em que a cooperação China-ALC como um todo e as relações bilaterais se promovem mutuamente, formando um mecanismo abrangente, extensivo e multinível de cooperação. Como plataforma para a cooperação intergovernamental entre a China e a ALC, o mecanismo inclui principalmente reuniões ministeriais, o Diálogo de Ministros das Relações Exteriores China-CELAC, a Reunião de Coordenadores Nacionais (Reunião de Altos Dignitários), além de fóruns e encontros em diversas áreas profissionais. Esses subfóruns profissionais, realizados no âmbito do Fórum China-CELAC, tornaram-se as plataformas de diálogo e cooperação mais dinâmicas dentro do mecanismo geral de cooperação entre a China e a ALC, abrangendo cerca de 30 áreas, como infraestrutura, tecnologia digital, agricultura, negócios, juventude, grupos de reflexão, meio ambiente, redução da pobreza, transporte e aeroespacial. Nos últimos 10 anos, o Fórum China-CELAC consolidou-se como a plataforma mais importante para promover a cooperação abrangente entre a China e a ALC, fortalecendo a articulação das estratégias de desenvolvimento entre ambas as partes e construindo uma comunidade China-ALC de futuro compartilhado.
Atualmente, a China e a ALC estão enfrentando um momento crucial na construção do mecanismo de cooperação abrangente, com a expectativa de que a Cúpula do Fórum China-CELAC seja realizada em 2025. Nesse momento oportuno, é imperativo que a China e a ALC resumam as conquistas e experiências dos últimos 10 anos, planejem o foco da próxima etapa de cooperação e otimizem e atualizem o Fórum China-CELAC, com o objetivo de elevar a construção de uma comunidade China-ALC de futuro compartilhado a um novo patamar.
Estabelecer um mecanismo permanente para o diálogo de alto nível entre a China e a ALC. Embora o Fórum China-CELAC ofereça atualmente um canal de comunicação multinível, a frequência e a eficácia dos diálogos são relativamente insatisfatórias. No futuro, deve-se considerar o estabelecimento de um mecanismo de diálogo de alto nível mais regular, com convites a especialistas no assunto, a fim de aumentar a confiança mútua estratégica e a coordenação de políticas.
Otimizar o mecanismo de negociação de acordos de livre comércio bilaterais e multilaterais. Deve-se pedir a mais países latino-americanos ou organizações regionais que assinem acordos de livre-comércio bilaterais ou multilaterais com a China, a fim de reduzir as barreiras comerciais, promover o livre fluxo de mercadorias, serviços, capital e tecnologia e impulsionar as relações econômicas e comerciais entre a China e a ALC a um novo patamar.
Fortalecer o diálogo e a cooperação com organizações sub-regionais. Além da cooperação abrangente, o diálogo e a cooperação com organizações sub-regionais, como o Mercosul, a Aliança do Pacífico (AP), a Comunidade Andina (CAN), o Sistema de Integração Centro-Americana (SICA) e a Comunidade do Caribe (CARICOM), devem ser incentivados e promovidos. Dessa forma, o Fórum China-CELAC poderá promover melhor a cooperação prática e atender às necessidades de diferentes países e sub-regiões.
Promover o estabelecimento de um mecanismo de intercâmbio cultural de alto nível entre a China e a ALC. No âmbito do Fórum China-CELAC, existem cerca de 10 subfóruns destinados a intercâmbios humanísticos. No entanto, China e ALC ainda não estabeleceram nenhum mecanismo bilateral ou multilateral para intercâmbios culturais de alto nível. Essa área está atrasada em relação à cooperação da China com outras regiões e outras áreas da cooperação China-ALC.
3. Implementar as “Três Iniciativas Globais” e liderar a nova jornada da comunidade China-ALC de futuro compartilhado
As Três Iniciativas Globais da China – a saber, a Iniciativa de Desenvolvimento Global, a Iniciativa de Segurança Global e a Iniciativa de Civilização Global – são importantes bens públicos internacionais fornecidos pela China ao mundo. Elas oferecem soluções chinesas para os desafios globais, promovem a transformação do sistema de governança global e oferecem um sólido apoio para a construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade. A construção de uma comunidade China-ALC de futuro compartilhado deve alinhar-se à implementação das Três Iniciativas Globais, com China e ALC unidas para promover o desenvolvimento econômico global, a governança da segurança internacional e os intercâmbios civilizacionais e o aprendizado mútuo, impulsionando assim um novo marco na construção da comunidade China-ALC de futuro compartilhado.
Alinhamento das estratégias de desenvolvimento como a principal direção para a implementação da Iniciativa de Desenvolvimento Global. A promoção do alinhamento das estratégias de desenvolvimento pode coordenar de forma eficaz as necessidades de desenvolvimento, enfrentando os desafios da transformação estrutural das economias compartilhadas.
-Fortalecer a comunicação e a coordenação das políticas intergovernamentais: Ambas as partes podem aprofundar a compreensão mútua sobre as respectivas necessidades de desenvolvimento e forjar um consenso político em áreas-chave por meio de diálogos políticos em múltiplos níveis e formatos.
-Promover a construção de infraestrutura e a conectividade. A modernização da América Latina e do Caribe deve, antes de tudo, passar pela modernização das infraestruturas. Ambas as partes podem aproveitar suas vantagens comparativas para fortalecer a conexão das estratégias de desenvolvimento em setores como transporte, energia e redes de informação, promovendo uma cooperação mutuamente benéfica.
-Aprofundar a cooperação em economia verde e desenvolvimento sustentável: Diante do desafio de equilibrar o crescimento econômico e a proteção ambiental, ambas as partes podem alcançar uma transformação verde por meio da harmonização de suas estratégias de desenvolvimento sustentável e da reformulação de seus modelos de crescimento econômico.
A cooperação em segurança não tradicional é uma área fundamental para a implementação da Iniciativa de Segurança Global. Atualmente, os desafios de segurança comuns enfrentados pela China e pela ALC estão concentrados principalmente em âmbitos não tradicionais, como mudanças climáticas, segurança cibernética e saúde pública, áreas nas quais ambas as partes podem reforçar a cooperação.
-Mudanças climáticas e cooperação em segurança ambiental: Ambas as partes podem avaliar a possibilidade de estabelecer um mecanismo de cooperação conjunta para a prevenção e a mitigação de desastres, promover conjuntamente projetos de proteção e restauração de florestas tropicais e melhorar a capacidade de resposta às mudanças climáticas e desastres naturais por meio do compartilhamento de experiências e treinamento técnico.
-Cooperação em segurança cibernética: Ambas as partes podem compartilhar tecnologias de proteção cibernética, aprimorar capacidades nessa área, cooperar no combate a crimes cibernéticos transfronteiriços e buscar a criação de um mecanismo de cooperação em segurança cibernética para garantir a segurança do desenvolvimento econômico e digital.
-Cooperação em saúde pública e segurança sanitária: A pandemia de COVID-19 acelerou a cooperação China-ALC no campo da saúde pública. A cooperação em pesquisa e desenvolvimento de vacinas, na prevenção e controle de doenças infecciosas e no compartilhamento de recursos médicos pode ser ainda mais fortalecida. Além disso, pode-se explorar a criação de um mecanismo regular de cooperação em saúde pública para compartilhar periodicamente informações e tecnologias mais recentes nesse campo.
O intercâmbio de conhecimentos e a cooperação são o principal objetivo da Iniciativa de Civilização Global. Na nova era, os intercâmbios e a cooperação no campo do conhecimento e da tecnologia não apenas darão um novo impulso aos intercâmbios civilizacionais e ao aprendizado mútuo entre a China e a ALC, mas também ajudarão ambas as partes a enfrentar juntos os desafios globais e regionais.
-Fortalecer a cooperação em ciência, tecnologia e inovação e promover o compartilhamento de conhecimento e o progresso tecnológico: As duas partes podem promover o fluxo bidirecional de conhecimento e tecnologia, além de fomentar a cooperação na transferência de tecnologia e inovação. Isso pode ser alcançado por meio do fortalecimento da cooperação entre instituições de pesquisa científica e empresas, do desenvolvimento conjunto de novas tecnologias e da exploração de aplicações inovadoras.
-Aprofundar a cooperação nas indústrias culturais e criativas e promover a difusão digital do conhecimento: Ambas as partes podem fortalecer a cooperação em setores culturais e criativos, como cinema e televisão, literatura, música e artes, com o objetivo de estabelecer um mecanismo eficaz e de longo prazo para intercâmbios culturais orientados para a indústria. Paralelamente, podem promover a criação de uma plataforma digital para o intercâmbio cultural entre a China e a ALC, aproveitando plenamente os novos meios de comunicação para difundir o conhecimento de forma interativa.
-Realizar pesquisas conjuntas e diálogos políticos e promover o intercâmbio de experiências em governança nacional: As duas partes podem aprimorar a cooperação entre think tanks e governos para conduzir pesquisas conjuntas em diversas áreas, como governança social, redução da pobreza e mudanças climáticas. Além disso, podem fortalecer o diálogo político e o compartilhamento de experiências sobre temas de interesse mútuo, com o objetivo de melhorar conjuntamente os níveis de governança nacional.
Conclusão
Atualmente, a China empenhada em promover a modernização chinesa. O relatório apresentado ao o 20º Congresso Nacional do Partido Comunista da China estabelece a promoção da “construção da comunidade de futuro compartilhado para a humanidade” como um dos requisitos essenciais da modernização chinesa. O secretário-geral do Comitê Central do PCCh, Xi Jinping, afirmou: “A China não busca a modernização de forma isolada. Está disposta a trabalhar com outros países para alcançar a modernização global por meio do desenvolvimento pacífico, cooperação mutuamente benéfica e prosperidade comum, promovendo a construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade.” Com um desenvolvimento de maior qualidade e um nível mais elevado de abertura, a modernização da China injetará mais estabilidade e certeza em um mundo turbulento e continuará contribuindo com a sabedoria, as soluções e a força da China para o avanço do processo de modernização global e a construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade.
Os países da América Latina e do Caribe também estão empenhados em aprimorar seu desenvolvimento. À medida que o Sul Global continua a crescer, os países da ALC, como parte importante dessa região, estão fazendo sua voz ser ouvida no cenário internacional. Como poderiam encontrar um caminho de modernização adequado às suas realidades? Esse é o objetivo que os países da ALC buscam alcançar em conjunto atualmente. A prática da modernização chinesa demonstra que não existe um modelo fixo de modernização e que o melhor é aquele que se adapta às necessidades de cada país. Isso fornece novos exemplos e opções para que os países em desenvolvimento, incluindo os da ALC, alcancem sua modernização.
A China e os países da ALC são países em desenvolvimento e membros do Sul Global. Compartilhamos mais interesses comuns, posições mais próximas e uma missão compartilhada maior. Ambas as partes têm amplos consensos e interesses compartilhados na resolução de questões internacionais urgentes, no enfrentamento de desafios globais e na promoção da reforma do sistema de governança global. Nesse contexto, a China e a ALC avançarão no caminho da construção conjunta de uma comunidade de futuro compartilhado. Os próximos 10 anos de construção da comunidade China-ALC de futuro compartilhado serão promissores!
Referências:
WANG, Hui. Pesquisa sobre a comunidade do futuro compartilhado para a humanidade e a modernização do sistema de governança global. People’s Tribune, maio de 2024. Disponível em: http://www.rmlt.com.cn/2024/0510/702197.shtml.
Ibid.
GABINETE DE INFORMAÇÃO DO CONSELHO DE ESTADO DA REPÚBLICA POPULAR DA CHINA. A Global Community of Shared Future: China’s Proposals and Actions. 26 de setembro de 2023. Disponível em: https://www.gov.cn/zhengce/202309/content_6906335.htm.
WU, Jie; LIU, Xuxia. Building a community of Shared Future for Common Progress. Diário do Povo, 23 de julho de 2021, terceira edição. Disponível em: http://paper.people.com.cn/rmrb/html/2021-07/23/nw.D110000renmrb_20210723_1-03.htm.
WU, Kai. Um “Salto entre as Nuvens” para a China e a ALC. China Hoje (versão em espanhol), n.º 10, 2022, p. 40.
Instruções de redação e agradecimentos
O relatório “Atravessando juntos entre o vento e a chuva, a construção de uma comunidade de futuro compartilhado China-ALC: a prática e as perspectivas futuras” foi iniciado pelo Centro das Américas (Beijing Review) do Grupo de Comunicações Internacionais da China (CICG, na sigla em inglês) e é um projeto de pesquisa conjunta entre think tanks da China e dos países da América Latina e Caribe (ALC). Esse projeto foi lançado oficialmente no início de 2024. Os think tanks e as instituições de pesquisa da China e da ALC que participaram deste trabalho incluem: o Centro das Américas do CICG, o Instituto de Estudos Latino-Americanos da Academia Chinesa de Ciências Sociais, o Centro de Estudos Asiáticos da Universidade Nacional Mayor de San Marcos, no Peru, o Núcleo de Estudos dos Países BRICS (NuBRICS) da Universidade Federal Fluminense, no Brasil, o Centro Mexicano de Estudos Econômicos e Sociais, a Escola de Governo da Universidade de Desarrollo, no Chile, a Cátedra Internacional de Estudos sobre a China e a América Latina da Universidade de Congreso, na Argentina, e o Centro de Estudos da América Latina e do Caribe da Universidade Sudoeste de Ciência e Tecnologia, na China.
O relatório está dividido em duas partes: a primeira aborda a cooperação global entre a China e a ALC, e a segunda foca nas cooperações bilaterais entre a China e os países da região, como Peru, Brasil, México, Chile e Argentina. O relatório está disponível em chinês, espanhol e português.
Os redatores deste relatório são o grupo de pesquisa do Centro das Américas do CICG e Guo Cunhai, diretor do Departamento de Sociedade e Cultura e do Centro de Estudos Argentinos do Instituto de Estudos Latino-Americanos da Academia Chinesa de Ciências Sociais.
Agradecemos o apoio da Academia de Estudos sobre a China e o Mundo Contemporâneos (ACCWS, na sigla em inglês), do Centro de Estudos Peruanos da Universidade Normal de Hebei e outras instituições no processo de elaboração e publicação do relatório.
Centro das Américas (Beijing Review) do Grupo de Comunicações Internacionais da China (CICG)
Vinculado ao Grupo de Comunicações Internacionais da China (CICG, na sigla em inglês), o Centro das Américas (Beijing Review), ou CA, é um conglomerado de mídia e comunicação internacional da China para países e regiões nas áreas americanas.
Atualmente, o CA possui duas marcas principais, Beijing Review, elaboradas em inglês, e China Hoje, em espanhol, português e outras línguas. O centro cria conteúdos multilinguísticos de mídia convergente, opera sites e contas nas redes sociais em chinês, inglês, espanhol, e em português, e desenvolve pesquisas e estudos profundos da região. Também estabelece plataformas de intercâmbios para mídias e think tanks internacionais, e organiza eventos de intercâmbios.
O centro tem estabelecido uma filial de América Norte, nos EUA, uma de América Latina, em México, e um escritório representativo no Peru.
Atravessando Juntos o Vento e a Chuva: A Construção de uma Comunidade de Futuro Compartilhado entre a China e a América Latina – Práticas e Perspectivas Futuras
Prefácio
A China é o vizinho da América Latina e do Caribe (ALC) do outro lado do Oceano Pacífico. Tanto a China quanto as nações da ALC são países em desenvolvimento e compartilham a mesma aspiração por independência, desenvolvimento e revitalização. Em 17 de julho de 2014, durante sua participação na reunião de líderes China-ALC realizada no Brasil, o presidente Xi Jinping fez um discurso de abertura intitulado “Construir uma Comunidade de Futuro Compartilhado para o Progresso Comum”. A partir de então, teve início uma nova etapa de parceria de cooperação abrangente entre a China e a ALC, com a construção de uma comunidade de futuro compartilhado como vínculo e objetivo.
A construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade é um novo conceito sobre relações internacionais e o futuro da sociedade humana, proposto pela primeira vez pelo presidente Xi Jinping. Este conceito tem grande e transcendental significado para promover ativamente a cooperação e os intercâmbios entre a comunidade internacional em um contexto global de mudanças sem precedentes e únicas, com o objetivo de construir um mundo caracterizado pela paz duradoura, segurança universal, prosperidade comum, abertura e inclusão. A construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade é o conceito central do Pensamento de Xi Jinping sobre a Diplomacia, bem como a meta almejada pela diplomacia chinesa na nova era (WANG, 2024). A formulação e o desenvolvimento deste conceito estão alinhados com a tendência geral do mundo e a direção do desenvolvimento humano, refletem a busca de valores comuns para toda a humanidade e apresentam planos chineses para o desenvolvimento global e o futuro da humanidade.
A construção conjunta de uma comunidade de futuro compartilhado entre a China e a ALC é uma iniciativa prática que visa aumentar a amizade e a cooperação ambos lados, com base no conceito da comunidade de futuro compartilhado para a humanidade, além de ser um novo plano para fortalecer a cooperação Sul-Sul e impulsionar a otimização contínua do sistema de governança global. A cooperação entre a China e os países da ALC na construção de uma comunidade de futuro compartilhado pela humanidade aumentará efetivamente a voz de ambos ambas as partes nos assuntos globais e contribuirá para promover a multipolaridade global, a democratização das relações internacionais e a formação de uma nova ordem política e econômica internacional justa e razoável.
Em 2024 celebra-se o 10º aniversário da proposta do presidente Xi Jinping para a comunidade de futuro compartilhado China-ALC. Nos últimos 10 anos, a ideia de construir uma comunidade de futuro compartilhado China-ALC tem recebido uma resposta e um reconhecimento cada vez mais positivos por parte dos países latino-americanos. As relações bilaterais na nova era, caracterizadas pela igualdade, benefício mútuo, inovação, abertura e bem-estar para os povos, alcançaram resultados frutíferos em diversos âmbitos da cooperação amistosa.
I. Promover a construção de uma comunidade de futuro compartilhado e os valores comuns de toda a humanidade
Atualmente, as mudanças na situação mundial estão evoluindo de forma vertiginoso. As transformações no mundo, nos tempos e na história estão se desenvolvendo de uma maneira sem precedentes. O mundo entrou em um novo período de turbulências e transformações, mas a direção geral do desenvolvimento e do progresso da humanidade não mudará, assim como a lógica de que a história mundial avança de forma sinuosa, nem a tendência de que a sociedade internacional compartilha um futuro comum. Desde o início da nova era, a construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade passou de uma iniciativa proposta pela China a um consenso internacional, de uma visão promissora a uma prática acumulada, e de uma ideia conceitual a um sistema científico (WANG, 2024). Essa iniciativa tornou-se uma brilhante bandeira que lidera o progresso dos tempos ao defender os valores comuns de toda a humanidade. Adaptando-se à corrente dos tempos, a China e a ALC estão construindo uma comunidade de futuro compartilhado ainda mais estreita e impulsionam as relações bilaterais a uma nova etapa, em que a cooperação integral e a cooperação bilateral avançam em paralelo e se reforçam mutuamente, tornando-se, assim, um exemplo de cooperação Sul-Sul na nova era.
1. Conceito central do pensamento de Xi Jinping sobre a diplomacia
O relatório apresentado em 8 de novembro de 2012, no 18º Congresso Nacional do Partido Comunista da China (PCCh), introduziu pela primeira vez o conceito de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade. Em 5 de dezembro do mesmo ano, ao se reunir com personalidades estrangeiras após assumir o cargo de secretário-geral do Comitê Central do PCCh, Xi Jinping destacou que a comunidade internacional havia se tornado, ao longo do tempo, uma comunidade de futuro compartilhado e que, diante da complexa situação da economia mundial e dos problemas globais, nenhum país poderia salvar-se sozinho. Após essa reunião, a “comunidade de futuro compartilhado para a humanidade” passou a ser um novo conceito reiterado frequentemente por líderes chineses e documentos governamentais.
Em 18 de janeiro de 2017, o presidente Xi Jinping participou de uma conferência de alto nível no Palácio das Nações, em Genebra, e fez um discurso intitulado “Trabalhar para Construir Uma Comunidade de Futuro Compartilhado para a Humanidade”, no qual desenvolveu de maneira profunda, abrangente e sistemática o conceito. Em 10 de fevereiro do mesmo ano, a Comissão de Desenvolvimento Social da ONU, em sua a 55ª sessão, aprovou por consenso a resolução “Dimensões Sociais da Nova Parceria para o Desenvolvimento da África”, que instou a comunidade internacional a fortalecer o apoio ao desenvolvimento econômico e social do continente africano, com espírito de cooperação, benefícios compartilhados e construção da comunidade de futuro compartilhado para a humanidade. Foi a primeira vez que uma resolução da ONU incluiu o conceito de “construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade”.
Em outubro de 2022, o relatório apresentado ao 20º Congresso Nacional do PCCh incorporou a construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade como parte essencial da modernização chinesa. O documento destacou que a China se dedicará a promover a construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade, mantendo-se fiel ao propósito de uma política externa que salvaguarde a paz mundial e fomente o desenvolvimento comum.
Na Conferência Central sobre o Trabalho dos Assuntos Exteriores, realizada em 27 e 28 de dezembro de 2023, em Beijing, foi destacado que a construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade é o conceito central do Pensamento de Xi Jinping sobre a Diplomacia. Representa uma compreensão cada vez mais profunda do PCCh sobre as leis que regem o desenvolvimento da sociedade humana e constitui um projeto que a China apresenta sobre o tipo de mundo que deseja construir e como fazê-lo. Esse conceito reflete a visão de mundo, a percepção de ordem e os valores dos comunistas chineses, alinhando-se com as aspirações comuns de todos os povos e indicando o caminho para o progresso das civilizações mundiais. Além disso, é o objetivo nobre que a China busca alcançar ao conduzir uma diplomacia de grande potência com características chinesas na nova era.
2. Iniciativas e ações da China orientadas pelo conceito de construção de uma comunidade de futuro compartilhado
Ao mesmo tempo em que defende o importante conceito de construir uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade, o presidente Xi Jinping apresentou uma proposta pioneira para promover a formação de um novo tipo de relações internacionais, caracterizado pelo respeito mútuo, pela equidade e justiça, e pela cooperação com benefícios compartilhados. Além disso, o presidente Xi Jinping propôs a Iniciativa Cinturão e Rota (ICR), a Iniciativa de Desenvolvimento Global (IDG), a Iniciativa de Segurança Global (ISG) e a Iniciativa de Civilização Global (ICG), com o objetivo de abrir um caminho prático e criar condições fundamentais para a construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade. Essas iniciativas instam os países a trabalharem juntos para enfrentar desafios, alcançar prosperidade comum e impulsionar o mundo rumo a um futuro promissor de paz, segurança, prosperidade e progresso.
A Iniciativa Cinturão e Rota: aderindo ao princípio de consulta extensiva, contribuição conjunta para benefício compartilhado, praticando o multilateralismo genuíno. Em setembro e outubro de 2013, durante visitas aos países da Ásia Central e do Sudeste Asiático, o presidente Xi Jinping propôs duas importantes iniciativas: a construção conjunta do Cinturão Econômico da Rota da Seda e da Rota da Seda Marítima do Século XXI, conhecidas conjuntamente como a Iniciativa Cinturão e Rota (ICR). Os pilares dessa iniciativa incluem a coordenação de políticas, a conectividade de infraestrutura, a facilitação do comércio, a integração financeira e o entendimento mútuo entre os povos. A construção conjunta da ICR estabeleceu uma nova ponte para que os países envolvidos fortaleçam os intercâmbios, promovam entendimento, respeito e confiança recíprocos, além de desenvolvimento, prosperidade e progresso compartilhados, ganhando, assim, considerável atenção da comunidade internacional. Até o final de junho de 2023, a China havia assinado mais de 200 documentos de cooperação para a construção conjunta do Cinturão e Rota com 152 países e 32 organizações internacionais, abrangendo 83% dos países com os quais a China mantém relações diplomáticas.
Iniciativa de Desenvolvimento Global: priorizando o bem-estar das pessoas e promovendo o desenvolvimento sustentável. Em 21 de setembro de 2021, durante discurso proferido para o debate geral da 76ª sessão da Assembleia Geral da ONU, o presidente Xi Jinping apresentou a Iniciativa de Desenvolvimento Global (IDG). Seus princípios incluem a priorização do desenvolvimento, uma abordagem centrada nas pessoas, benefícios amplos e inclusivos, a inovação como motor do progresso, a coexistência harmoniosa entre os seres humanos e a natureza, e a orientação prática para ações. A IDG propõe soluções para desafios globais de desenvolvimento e serve como guia para a cooperação internacional. Até o final de 2023, mais de 100 países e organizações internacionais haviam manifestado apoio à IDG, mais de 70 países haviam se juntado ao Grupo de Amigos da IDG, e quase 30 países e organizações assinaram memorandos de cooperação com a China, integrando a IDG às suas estratégias de desenvolvimento.
Iniciativa de Segurança Global: enfrentando os desafios de segurança internacional para alcançar uma paz global duradoura. Em 21 de abril de 2022, durante a Conferência Anual do Fórum Boao para a Ásia, o presidente Xi Jinping propôs a Iniciativa de Segurança Global (ISG). Seus princípios incluem a segurança comum, abrangente, cooperativa e sustentável; respeito à soberania e à integridade territorial; cumprimento dos princípios da Carta das Nações Unidas; consideração às preocupações de segurança de todos os países; resolução pacífica de desacordos e disputas entre países por meio de diálogo e consulta; resolução pacífica de disputas e garantia de segurança em áreas tradicionais e não tradicionais. A ISG rejeita confrontos, promove o diálogo e busca a cooperação para enfrentar ameaças à segurança global.
Iniciativa de Civilização Global: promover intercâmbios e aprendizado mútuo entre civilizações e construir um mundo aberto e inclusivo. Em 15 de março de 2023, durante a Reunião de Alto Nível do PCCh sobre o Diálogo com os Partidos Políticos Mundiais, Xi Jinping, secretário-geral do Comitê Central do PCCh, propôs pela primeira vez a Iniciativa de Civilização Global. Seus principais conteúdos incluem: respeitar a diversidade de civilizações no mundo, promover os valores comuns a toda a humanidade, valorizar a herança e a inovação das civilizações, e fortalecer os intercâmbios e a cooperação internacionais entre os povos. A ICG tem como objetivo oferecer soluções para a governança global e para as relações entre países e diferentes culturas. Elevou o diálogo político a um novo patamar ao propor caminhos para que países com diferentes culturas, histórias, religiões, modos de vida e sistemas políticos e sociais alcancem uma convivência pacífica. Persiste em superar o distanciamento com o intercâmbio, a confrontação com o aprendizado mútuo e o complexo de superioridade cultural com a inclusão, a fim de injetar uma poderosa energia positiva para promover a construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade.
A terceira sessão plenária do 20º Comitê Central do PCCh, realizada em julho de 2024, reafirmou que, no trabalho no exterior, é fundamental buscar uma política externa independente e pacífica, promover a construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade, implementar os valores comuns da humanidade, e implementar a Iniciativa de Desenvolvimento Global, a Iniciativa de Segurança Global e a Iniciativa de Civilização Global. Além disso, destacou-se a importância de fomentar multipolarização global igualitária e ordenada, bem como uma globalização econômica de benefício geral e inclusiva.
O conceito de construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade está especificamente incorporado em quatro aspectos da política externa da China na nova era: em primeiro lugar, a China busca firmemente uma política externa independente e pacífica, sempre determina suas posições e políticas com base nos méritos, defende as regras básicas das relações internacionais e salvaguarda a equidade e a justiça internacionais; em segundo lugar, a China persiste no desenvolvimento de uma cooperação amigável com outros países com base nos Cinco Princípios de Coexistência Pacífica, promove a construção de um novo tipo de relações internacionais, aprofunda e amplia as relações de parceria global de igualdade, abertura e cooperação e está comprometida em ampliar a convergência de interesses com todos os países; em terceiro lugar, a China persevera na política estatal básica de abertura para o mundo exterior, implementa resolutamente a estratégia de abertura para benefício mútuo e compartilhamento de ganhos, continua a oferecer novas oportunidades para o mundo com o novo desenvolvimento da China e impulsiona a construção de uma economia mundial aberta para beneficiar melhor as pessoas de todos os países; por fim, a China participa ativamente da reforma e da construção do sistema de governança global, implementa o conceito de governança global caracterizado pela co-deliberação, co-edificação e co-distribuição, busca o multilateralismo genuíno e impulsiona a democratização das relações internacionais, com o objetivo de promover uma governança global mais justa e racional.
Sob o conceito de avançar na construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade, a China persiste em promover a construção de um mundo de paz duradoura por meio de diálogos e consultas, de um mundo de segurança universal por meio de co-construção do benefício compartilhado, de um mundo de prosperidade comum por meio de cooperação e dos ganhos mútuos, de um mundo aberto e inclusivo por meio de intercâmbios e aprendizado mútuo, assim como de um mundo limpo e belo através de um desenvolvimento ecológico e de baixo carbono. Essa visão reflete o compromisso da China em criar um futuro sustentável, harmonioso e inclusivo para toda a humanidade.
O conceito de construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade, que se posiciona no lado correto da história e do progresso humano, estabelece uma nova abordagem às relações internacionais, oferece uma nova sabedoria para a governação global, cria uma nova configuração para os intercâmbios globais e apresenta uma nova visão para um mundo melhor, sendo amplamente reconhecido e apoiado pela comunidade internacional (Gabinete de Informação do Conselho de Estado da República Popular da China, 2023).
II. Construir conjuntamente uma comunidade China-ALC de futuro compartilhado e impulsionar relações bilaterais estáveis e duradouras na nova era
1. Construção conjunta de uma comunidade de futuro compartilhado China-ALC
A comunidade de futuro compartilhado China-ALC é uma iniciativa prática voltada para o fortalecimento da amizade e cooperação entre as duas partes, baseada no conceito de comunidade de futuro compartilhado para a humanidade. Em 17 de julho de 2014, durante sua participação na reunião de líderes da China e dos países ALC, realizada no Brasil, o presidente Xi Jinping fez um discurso intitulado “Construir uma Comunidade de Futuro Compartilhado para o Progresso Comum”, no qual propôs a construção de um novo modelo de relações entre a China e a ALC, fundamentado em cinco pilares: confiança mútua e sinceridade na política, cooperação e ganho compartilhado na economia e no comércio, aprendizado mútuo na cultura, coordenação estreita nos assuntos internacionais e impulso mútuo entre a cooperação abrangente e as relações bilaterais. Dessa forma, foi criada uma comunidade de futuro compartilhado voltada para o progresso comum entre a China e a ALC.
Nos últimos dez anos, o presidente Xi Jinping realizou seis visitas à ALC, elaborando pessoalmente o roteiro para o desenvolvimento das relações bilaterais. No México, o presidente Xi Jinping expressou sua mensagem mais profunda para a cooperação China-ALC, destacando a expectativa de que, com esforços conjuntos, ambas as partes estabelecessem o quanto antes um fórum de cooperação China-ALC, aproveitassem plenamente seus respectivos pontos fortes, construíssem uma plataforma maior para promover a parceria de cooperação abrangente China-ALC e trabalhassem juntos para aumentar a energia positiva para a estabilidade e a prosperidade da região da Ásia-Pacífico. No Brasil, o presidente Xi Jinping enfatizou a necessidade de compartilhar um futuro comum e fortalecer continuamente a confiança estratégica; compartilhar o desenvolvimento e aprofundar a integração das estratégias de desenvolvimento; compartilhar a responsabilidade e demonstrar o papel de China e Brasil na manutenção da paz e a justiça globais; bem como compartilhar as mesmas tristezas e alegrias, contribuindo conjuntamente para a construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade. No Peru, o presidente Xi Jinping ressaltou que ambas as partes deveriam sustentar a bandeira da paz, do desenvolvimento e da cooperação, trabalhar juntas para construir o grande navio da comunidade de futuro compartilhado China-ALC e cooperar de boa fé no caminho para a realização do sonho chinês e do sonho latino-americano, elevando a parceria de cooperação integral entre as duas partes para um nível ainda mais elevado.
A diplomacia do chefe de Estado tem sido fundamental para orientar o rumo das relações entre a China e a ALC na nova era. O presidente Xi Jinping realizou encontros, enviou cartas e telegramas e fez ligações telefônicas com chefes de Estado ou de Governo de países como México, Brasil, Peru, Chile, Honduras, Guiana, Venezuela, Argentina, Colômbia, Uruguai, Suriname, Cuba, Barbados, Antígua e Barbuda, República Dominicana, entre outros da região. Termos como “cooperação” e “desenvolvimento” têm sido palavras recorrentes nessas trocas diplomáticas entre chefes de Estado. O nível das relações entre a China e países como Panamá, República Dominicana, El Salvador, Uruguai, Colômbia e Nicarágua foi elevado. A construção de um novo modelo de relações entre a China e a ALC, baseada nos cinco pilares propostos pelo presidente Xi Jinping, tem sido calorosamente acolhida pelos líderes da região.
2. As relações China-ALC na nova era
Nos últimos dez anos, sob a liderança conjunta do presidente Xi Jinping e dos líderes dos países da ALC, as relações bilaterais avançaram continuamente na nova era, com base nos princípios de igualdade, benefício mútuo, inovação, abertura e bem-estar dos povos. A construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade entre a China e a ALC tem progredido de forma estável e duradoura (Wu e Liu, 2021). Até o final de novembro de 2024, 22 países da ALC haviam assinado documentos de cooperação com a China para a construção conjunta da Iniciativa Cinturão e Rota (ICR). O novo marco de cooperação “1+3+6”, proposto pela China, aprimorou a cooperação pragmática entre a China e a ALC, fortalecendo os laços em múltiplas áreas e criando novas oportunidades para o desenvolvimento das relações bilaterais. O caminho da modernização da China proporcionou uma referência valiosa para os países da ALC e ofereceu novas oportunidades para o desenvolvimento das relações bilaterais. A prática da construção conjunta de uma comunidade de futuro compartilhado entre a China e a ALC entrou em um novo estágio e embarcou em uma nova jornada.
Atualmente, essa grande prática apresenta as cinco características a seguir:
Primeiro, a confiança política mútua tem se fortalecido constantemente. Nos últimos dez anos, a China e a ALC mantiveram intercâmbios frequentes e comunicação estratégica de alto nível, o que injetou dinamismo contínuo na parceria de cooperação abrangente, baseada na igualdade, benefício mútuo e desenvolvimento comum. Sob a liderança da diplomacia de chefes de Estado, a confiança política entre a China e a ALC continuou a se aprofundar e a cooperação pragmática continuou a se expandir. Países como Panamá, República Dominicana, El Salvador, Nicarágua e Honduras estabeleceram ou restabeleceram relações diplomáticas com a China. Além disso, muitos países da região se juntaram à construção de alta qualidade da ICR e apoiaram iniciativas como a IDG, a ISG e a ICG, promovendo a construção de uma comunidade de futuro compartilhado entre China e ALC.
Em segundo lugar, a cooperação econômica, comercial e de investimentos continuou a se aprofundar. Em julho de 2014, o presidente Xi Jinping estabeleceu metas grandes para a cooperação econômica e comercial entre a China e a ALC: atingir um volume de comércio de 500 bilhões de dólares e um estoque de investimentos de 250 bilhões de dólares em dez anos. Essas metas foram amplamente cumpridas. Em 2014, o volume do comércio de mercadorias entre a China e a ALC foi de aproximadamente US$ 263,5 bilhões, crescendo para US$ 489 bilhões em 2023; enquanto o estoque de investimentos das empresas chinesas na ALC foi de aproximadamente US$ 106,1 bilhões em 2014 e atingiu US$ 596,2 bilhões em 2022. A China é o segundo maior parceiro comercial da ALC e o maior de países como Brasil, Chile, Peru e Uruguai. A China é a terceira maior fonte de investimento na ALC, enquanto a ALC é o segundo destino mais importante para o investimento estrangeiro chinês e um parceiro importante na cooperação internacional em capacidade produtiva. Até março de 2024, Chile, Peru, Costa Rica, Equador e Nicarágua se tornaram sucessivamente parceiros de livre comércio da China. A cooperação econômica, comercial e de investimentos entre a China e a ALC tem sido cheia de vitalidade, criando um modelo exemplar para a cooperação Sul-Sul e fortalecendo a confiança no desenvolvimento econômico geral.
Em terceiro lugar, a cooperação na construção de infraestrutura tem avançado de forma constante. A China apoia e participa ativamente da construção da conectividade na região da ALC. Sob a estrutura da construção conjunta do Cinturão e Rota, as empresas chinesas realizaram muitos projetos de infraestrutura na ALC, inclusive em setores como transporte, energia, telecomunicações, saúde e educação, melhorando efetivamente o nível de conectividade local e a capacidade de desenvolvimento econômico na região. O investimento e a construção de infraestrutura se tornaram um dos campos com maior potencial de crescimento na cooperação entre a China e a ALC. Atualmente, a ALC é o terceiro maior mercado para os contratos de infraestrutura chineses. As empresas chinesas contribuíram para reduzir as deficiências de infraestrutura da região, melhoraram a qualidade de vida de milhões de habitantes e promoveram empregos locais. Por exemplo, a CRRC Corporation Limited da China e o governo do estado brasileiro de São Paulo assinaram o projeto do Eixo Norte da Ferrovia Interurbana de São Paulo, que visa criar o sistema ferroviário interurbano mais rápido e moderno do Brasil. Esse projeto não apenas atenderá à demanda da população brasileira por transporte conveniente, mas também gerará diretamente dezenas de milhares de empregos, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social local.
Em quarto lugar, os intercâmbios entre pessoas continuaram a se expandir. Os intercâmbios interpessoais e culturais entre a China e a ALC estão se tornando mais frequentes. O estabelecimento de Institutos Confúcio e a organização de atividades culturais promoveram o entendimento mútuo entre os dois povos e fortaleceram sua amizade. A cooperação em áreas como cultura, educação e turismo, bem como a cooperação entre os governos locais e a mídia de ambos os lados, aumentaram a proximidade entre os dois povos. A China e a ALC continuaram a expandir a cooperação em treinamento de talentos e treinamento vocacional, com um aumento constante no número de estudantes de intercâmbio entre os dois lados. Os fóruns e plataformas para intercâmbios pessoais e culturais estão se tornando cada vez mais especializados e diversificados. Os intercâmbios entre pessoas são vibrantes e desempenham um papel especial como ponte e elo para promover a compreensão mútua e a amizade. Em outubro de 2022, a China havia estabelecido relações de geminação com 196 cidades, províncias ou estados da região da ALC (WU, 2021). As empresas chinesas na ALC estão cumprindo ativamente sua responsabilidade social e se integrando às comunidades locais. Por exemplo, a Corporação das Três Gargantas (CTG), uma empresa chinesa de energia, colaborou com a Universidade Ricardo Palma, do Peru, na criação da Bolsa de Estudos CTG para incentivar estudantes peruanos de destaque a se tornarem pilares do desenvolvimento do país e embaixadores da amizade entre a China e o Peru.
Em quinto lugar, ambas as partes têm coordenado estreitamente em relação à governança multilateral. A China e a ALC mantêm uma colaboração próxima em plataformas multilaterais, como as Nações Unidas, trabalhando juntas para defender o multilateralismo, a justiça e a equidade internacionais, além de pressionarem pela reforma e aperfeiçoamento do sistema de governança global. Ambas as partes alcançaram amplos consensos sobre temas de governança global, questões internacionais e regionais importantes, a estruturação de uma comunidade China-ALC de futuro compartilhado e a construção de uma ordem internacional mais justa e racional. Além disso, China e ALC têm se apoiado mutuamente em questões que envolvem seus interesses centrais e preocupações-chave. Juntos, China e Brasil emitiram conjuntamente um consenso de seis pontos sobre a solução política para a crise da Ucrânia, que recebeu o apoio e a resposta de mais de 100 países, enviando uma forte voz da China e da ALC em favor da paz, da equidade, da justiça, da cooperação e dos benefícios compartilhados. Em novembro de 2024, o presidente Xi Jinping foi convidado para a 31ª Reunião de Líderes Econômicos do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), realizada em Lima, e realizou uma visita de Estado ao Peru. Posteriormente, participou da 19ª Cúpula de Líderes do G20, realizada no Rio de Janeiro, e realizou também uma visita de Estado ao Brasil. A viagem do presidente Xi Jinping à ALC, com foco na região, conexão com a Ásia-Pacífico e uma visão global, foi um percurso de amizade que cruzou montanhas e mares, uma jornada de unidade para promover o desenvolvimento e um esforço de cooperação para expandir as relações de parceria. Essa visita impulsionou o desenvolvimento saudável e estável das relações entre grandes potências, liderou a solidariedade e o fortalecimento do Sul Global, e enriqueceu as novas práticas para construir uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade. Durante a cúpula do G20, o presidente Xi Jinping apresentou as oito ações da China para o desenvolvimento global, como a adesão à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, a proposta de uma Iniciativa de Cooperação Internacional de Ciência Aberta, apresentada em conjunto com países do Sul Global, como o Brasil, e a ampliação da abertura unilateral para os países menos desenvolvidos, entre outras medidas. Essas iniciativas demonstram a estreita comunicação e apoio mútuo entre a China e os países da ALC em fóruns multilaterais, bem como sua firme determinação de promover o desenvolvimento global conjunto, a multipolaridade mundial e a manutenção da equidade e da justiça internacionais.
III. Perspectivas sobre a construção de uma comunidade de futuro compartilhado China-ALC a partir de uma perspectiva do Sul Global
A China e a ALC são membros naturais do Sul Global, e a construção de uma comunidade de futuro compartilhado China-ALC é essencialmente uma cooperação Sul-Sul. Portanto, a exploração e a prática da construção de uma comunidade de futuro compartilhado entre a China e a ALC não têm apenas significado bilateral, mas também multilateral. Nos próximos 10 anos, dessa comunidade estabelecerá uma tendência de desenvolvimento substancial.
1. As parcerias levam a cooperação abrangente China-ALC a uma nova era
Desde o início deste século, as relações China-ALC vêm se aprofundando e apresentando um padrão de cooperação multinível, amplo e abrangente, no qual as parcerias têm desempenhado um papel de destaque. Até o momento, a China estabeleceu parcerias de múltiplos níveis e tipos com 15 países latino-americanos: 5 parcerias estratégicas, 1 parceria estratégica de cooperação, 8 parcerias estratégicas abrangentes e 1 parceria estratégica para todos os tempos. A construção da rede de parcerias China-ALC não apenas aprofundou a confiança política mútua, mas também expandiu as áreas de cooperação e injetou vitalidade nas relações China-ALC. Desde o início do século XXI, oito países da América Latina e do Caribe estabeleceram ou retomaram relações diplomáticas com a China, aumentando para 26 o número de países na região com os quais a China mantém relações diplomáticas formais.
Olhando para o futuro, acreditamos que a rede de parcerias China-ALC não só continuará a se expandir, mas também se tornará cada vez mais profunda, levando a cooperação abrangente China-ALC a uma nova era de igualdade, benefício mútuo, inovação, abertura e benefício para os povos. Este julgamento baseia-se em quatro características da construção de uma parceria com a China.
Em primeiro lugar, a igualdade é a base da parceria. Esse modelo difere da diplomacia tradicional das grandes potências e permite que os países latino-americanos sintam a sinceridade e a responsabilidade da China na cooperação.
Em segundo lugar, o benefício mútuo e o ganho compartilhado são o objetivo desta parceria. Sob o marco do benefício mútuo, as áreas de cooperação entre a China e a ALC foram ampliadas e aprofundadas, trazendo benefícios tangíveis para os países latino-americanos e promovendo, ao mesmo tempo, o desenvolvimento da China.
Em terceiro lugar, a inovação e a abertura são características fundamentais da parceria na nova era. Ambas as partes estão promovendo o desenvolvimento das relações China-ALC para níveis de qualidades mais elevadas por meio da inovação nos modos e conteúdos da cooperação e da abertura de áreas de cooperação como parceiros.
Em quarto lugar, beneficiar o sustento dos povos é a essência da parceria. O objetivo final da parceria China-ALC é contribuir para o bem-estar das populações de ambos os lados. Por isso, a China tem se concentrando na cooperação em áreas como alívio da pobreza, educação, assistência médica e outros programas voltados para subsistência, com o objetivo de ajudar os países latino-americanos a elevar seus níveis de desenvolvimento social.
2. Economia digital e desenvolvimento verde para promover a qualidade e o aprimoramento da cooperação econômica e comercial entre a China e a ALC
A cooperação econômica e comercial é o elo central na construção de uma comunidade de futuro compartilhado entre a China e a ALC. O volume de comércio entre a China e a ALC cresceu de menos de US$ 100 bilhões no início deste século para quase US$ 500 bilhões, e o investimento direto da China na ALC aumentou de US$ 10 bilhões para quase US$ 700 bilhões entre 2005 e 2023. Enquanto isso, a China assinou ou otimizou acordos de livre comércio (FTAs, na sigla em inglês) com Costa Rica, Equador, Nicarágua, Chile, Peru e outros países, o que apoiou firmemente o desenvolvimento sustentado e estável da cooperação econômica e comercial bilateral. Até o final de 2023, o número de empresas financiadas pela China na ALC chegou a mais de 3.000, e a tendência de empresas se mudarem para a região continua forte. O estreitamento dos laços econômicos e comerciais proporcionou uma base material sólida para a construção de uma comunidade de futuro compartilhado China-ALC.
No entanto, a cooperação econômica e comercial entre a China e a ALC enfrenta o desafio de melhorar sua qualidade. Nos próximos 10 anos, o Sul Global acelerará sua transformação digital e ecológica, o que oferece uma oportunidade para a cooperação China-ALC promover a integração profunda da economia digital e do desenvolvimento ecológico.
Em primeiro lugar, a economia digital está provocando mudanças profundas no modo de cooperação econômica e comercial entre a China e a ALC. Por um lado, as vantagens tecnológicas e a escala de mercado da China no campo da economia digital proporcionam um amplo espaço para a cooperação China-ALC e, por outro lado, as empresas chinesas apoiam a construção de infraestrutura digital nos países latino-americanos por meio de investimentos em tecnologia e exportação, de modo a ajudá-los a acelerar a transformação digital.
Em segundo lugar, a cooperação em energia limpa e a construção de cadeias de suprimentos verdes promoveram a transformação verde da China e da ALC. Nos últimos anos, a China e a ALC não apenas promoveram vigorosamente a cooperação nas áreas de energia fotovoltaica, energia eólica e veículos de novas energias, mas também fortaleceram a construção de cadeias de suprimentos verdes em áreas comerciais tradicionais, como produtos agrícolas, recursos minerais e indústrias de manufatura, com o objetivo de ajudar a China e a ALC em seu desenvolvimento verde.
Além disso, impulsionada pelas tendências duplas de digitalização e transição ecológica, a cooperação econômica e comercial entre a China e a ALC está avançando para um nível mais profundo de integração. A integração da digitalização e do desenvolvimento verde está promovendo a expansão gradual da cooperação econômica e comercial entre a China e a ALC, da tradicional exportação de matérias-primas e energia para setores de alto valor agregado, e da “expansão quantitativa” para o “aprimoramento qualitativo”.
3. Desenvolver a cooperação intelectual para criar um novo modelo de intercâmbio e aprendizado mútuo entre as civilizações da China e da ALC
Em 2014, o presidente Xi Jinping propôs o “aprendizado e apreciação mútuos nas ciências humanas” como um dos cinco pilares para a construção de uma comunidade China-ALC de futuro compartilhado. Nos últimos 10 anos, uma tendência importante foi a expansão da cooperação China-ALC para além das esferas políticas e econômicas tradicionais, incluindo intercâmbios humanísticos, compartilhamento de conhecimento e apreciação mútua de civilizações em um nível mais profundo. Por um lado, essa mudança foi impulsionada pelo rápido desenvolvimento das relações econômicas e comerciais entre a China e a ALC e, por outro, pelo incentivo dos governos de ambos os lados em termos políticos. Nesse contexto, a escala, o escopo e a frequência dos intercâmbios humanísticos entre a China e a ALC alcançaram um desenvolvimento sem precedentes. De acordo com estatísticas parciais, até 2024, haverá 48 Institutos Confúcio e mais de 80 institutos de pesquisa chineses ou relacionados à China em 26 países latino-americanos, enquanto mais de 160 instituições de ensino superior na China oferecem cursos de espanhol ou português, e o número de institutos de pesquisa latino-americanos na China também aumentou para 67.
Com a expectativa comum de um desenvolvimento de maior qualidade, é urgente que a China e a ALC progridam no intercâmbio e na cooperação de conhecimento, de modo a criar um novo padrão de intercâmbio e aprendizado mútuo entre as civilizações chinesa e latino-americana. No futuro, espera-se que a cooperação no campo do conhecimento alcance novos avanços em diversas áreas.
Em primeiro lugar, a promoção da cooperação em inovação e transferência de tecnologia. Os dois lados podem redobrar seus esforços com relação à cooperação em inovação e transferência de tecnologia, especialmente em setores avançados, como economia digital, energia limpa, tecnologia médica etc., com o objetivo de promover conjuntamente a inovação industrial e aumentar a competitividade no mercado global.
Em segundo lugar, a cooperação no campo do desenvolvimento sustentável deve ser ampliada. O desenvolvimento da cooperação em conhecimento deve se concentrar mais na área de desenvolvimento sustentável. Ambos os lados podem fortalecer a cooperação em áreas como mudanças climáticas, proteção verde e tecnologia verde, e compartilhar suas experiências de sucesso e melhores práticas na formulação de políticas e implementação de tecnologia.
Em terceiro lugar, a cooperação entre plataformas bilaterais e multilaterais deve ser fortalecida. Ambos os lados devem prestar muita atenção ao compartilhamento de práticas recomendadas ou experiências de desenvolvimento entre plataformas ou dentro delas. Isso não só ajudará a China e a ALC a aprender com o conhecimento sobre desenvolvimento ou com as experiências de cooperação de outras regiões, mas também promoverá a cooperação Sul-Sul e contribuirá com a sabedoria de desenvolvimento da China e da ALC para o desenvolvimento e a governança globais.
4. Moldar um novo paradigma de cooperação no Sul Global, tanto bilateral quanto coletivamente
Para promover a construção de uma comunidade China-ALC de futuro compartilhado, o presidente Xi Jinping propôs em 2014 um modelo de “duas rodas” de engajamento em assuntos regionais e internacionais, ou seja, “cooperação coletiva e relações bilaterais de reforço mútuo” em assuntos latino-americanos e “cooperação estreita em assuntos internacionais”. Isso significa que, por um lado, a China e os países latino-americanos podem continuar a usar e otimizar os mecanismos bilaterais existentes, como comitês bilaterais de cooperação de alto nível ou comitês conjuntos de alto nível; e, por outro lado, em questões de governança global, a China pode não apenas buscar políticas comuns com países latino-americanos de forma individual, mas também coordenar e unificar suas posições com base em mecanismos de cooperação coletiva, como o Fórum China-CELAC. Esse modelo de interação virtuosa entre mecanismos bilaterais e globais não só melhorará muito as relações entre a China e a ALC, mas também será um bom exemplo para que o Sul Global coopere na promoção de mudanças no sistema de governança global e na formação de um sistema multilateral mais representativo. No futuro, espera-se que a China e a ALC fortaleçam ainda mais a cooperação na governança global nos seguintes níveis.
Primeiro, o multilateralismo deve ser defendido em conjunto. Ambos os lados devem fortalecer ainda mais a coordenação em plataformas multilaterais, como as Nações Unidas, a Organização Mundial do Comércio e o G20, continuar a promover uma ordem internacional baseada em regras e defender os interesses gerais do Sul Global, salvaguardando conjuntamente o multilateralismo.
Em segundo lugar, a reforma do sistema de governança global deve ser promovida. Ambos os lados concordam que o atual sistema de governança global deve se tornar mais inclusivo e equitativo. No futuro, ambos os lados continuarão a promover a reforma dos mecanismos de governança global, incluindo finanças internacionais, comércio e mudanças climáticas, e a aumentar a representação e a voz dos países em desenvolvimento na governança global.
Em terceiro lugar, a coordenação e a cooperação sobre as mudanças climáticas devem ser fortalecidas. A China e a ALC têm interesses comuns no enfrentamento das mudanças climáticas. Em especial, com a COP30 a ser realizada no Brasil em 2025, os dois lados continuarão a coordenar suas posições sobre as mudanças climáticas e a defender conjuntamente o princípio de “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”.
IV. Alcançando a prosperidade e o desenvolvimento comuns e construindo um futuro melhor para a China e a ALC
Nos últimos 10 anos, apesar das notáveis conquistas na construção de uma comunidade China-ALC com futuro compartilhado, a mudança da situação internacional e alguns problemas estruturais na cooperação bilateral continuam a representar desafios consideráveis para a sustentabilidade das relações China-ALC. A fim de promover ainda mais a construção de uma comunidade China-ALC de futuro compartilhado, podemos nos concentrar e impulsionar nos três aspectos a seguir no futuro:
1. Construção conjunta de alta qualidade da Iniciativa Cinturão e Rota: injetando um novo impulso no desenvolvimento verde da China e da ALC
A Iniciativa Cinturão e Rota (ICR) é um grande esforço na construção de uma comunidade China-ALC de futuro compartilhado, e é seu principal caminho. Até o momento, a China assinou memorandos de entendimento com 22 países da ALC sobre a construção conjunta da ICR, assinou planos de cooperação com Jamaica, Suriname, Cuba, Argentina, Chile e Uruguai para promover conjuntamente a construção da ICR e estabeleceu um mecanismo de coordenação para a cooperação na construção da ICR com Cuba, além de promover continuamente o reforço das sinergias entre a Iniciativa Cinturão e Rota e estratégias de desenvolvimento do Brasil. Nos últimos 10 anos, a China e a ALC alcançaram resultados notáveis na construção conjunta da ICR: a política e a coordenação do Cinturão e Rota têm sido muito eficazes, e essa iniciativa tem sido uma importante fonte de inspiração para a China e a ALC. A comunicação política e a complementaridade estratégica se aprofundaram, a conectividade da infraestrutura foi fortalecida, a cooperação comercial e de investimentos cresceu aos trancos e barrancos, o financiamento de capital continuou a se desenvolver de forma inovadora, e os intercâmbios humanísticos e o aprendizado mútuo atingiram um novo patamar.
No entanto, diante das mudanças no cenário econômico global e dos desafios da recuperação global após a pandemia da COVID-19, a construção conjunta de alta qualidade do Cinturão e Rota tornou-se o caminho central para aprofundar a construção de uma comunidade China-ALC de futuro compartilhado. Para isso, os esforços devem ser redobrados nas seguintes áreas:
Promover a construção do “Cinturão e Rota Verde”. Em vista da necessidade urgente de desenvolvimento global sustentável, a construção da ICR deve dar maior ênfase ao desenvolvimento verde e à proteção ambiental. Portanto, os dois lados devem fortalecer o intercâmbio e a cooperação nas áreas de finanças verdes, padrões e tecnologias verdes e capacitação verde.
Promover a cooperação no “Cinturão e Rota Digital”. A decolagem da economia digital oferece uma nova oportunidade para a China e a ALC construírem conjuntamente a ICR. A China e a ALC devem promover vigorosamente a construção do “Cinturão e Rota Digital”, fortalecer a cooperação na construção de infraestrutura digital, na facilitação do comércio digital e no treinamento de habilidades digitais, além de impulsionar a transformação digital dos países latino-americanos.
Promover a construção de mecanismos de cooperação multilateral. No futuro, será necessário fortalecer a cooperação com organizações internacionais, como o Banco Mundial e o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB, na sigla em inglês), bem como promover inovações nos mecanismos de cooperação regional, fomentar a articulação com organizações regionais, como o Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF) e o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), e se esforçar para integrar o ICR nas agendas de desenvolvimento regional e global.
Promover uma cooperação aprofundada na cadeia industrial e na cadeia de suprimentos. No futuro, a construção do Cinturão e Rota deve se concentrar na integração profunda de ambos os lados na cadeia industrial e na cadeia de suprimentos, e promover a transformação dos países latino-americanos de indústrias de baixo valor agregado para indústrias de alto valor agregado, a fim de ajudá-los a sair da armadilha da “desindustrialização”.
Promover a transparência e a inclusão em projetos de cooperação. A construção de alta qualidade do Cinturão e Rota requer a garantia de transparência e inclusão dos projetos, reduzindo os riscos de cooperação e os conflitos sociais causados pela assimetria de informações, de modo que os projetos de cooperação possam realmente servir ao desenvolvimento econômico e social local e melhorar os meios de subsistência das pessoas.
2. Melhorar o Fórum China-CELAC para aproveitar ao máximo os novos benefícios da cooperação abrangente China-ALC
Em julho de 2014, o fórum entre a China e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, o Fórum China-CELAC, foi estabelecido, marcando o início de um novo modelo em que a cooperação China-ALC como um todo e as relações bilaterais se promovem mutuamente, formando um mecanismo abrangente, extensivo e multinível de cooperação. Como plataforma para a cooperação intergovernamental entre a China e a ALC, o mecanismo inclui principalmente reuniões ministeriais, o Diálogo de Ministros das Relações Exteriores China-CELAC, a Reunião de Coordenadores Nacionais (Reunião de Altos Dignitários), além de fóruns e encontros em diversas áreas profissionais. Esses subfóruns profissionais, realizados no âmbito do Fórum China-CELAC, tornaram-se as plataformas de diálogo e cooperação mais dinâmicas dentro do mecanismo geral de cooperação entre a China e a ALC, abrangendo cerca de 30 áreas, como infraestrutura, tecnologia digital, agricultura, negócios, juventude, grupos de reflexão, meio ambiente, redução da pobreza, transporte e aeroespacial. Nos últimos 10 anos, o Fórum China-CELAC consolidou-se como a plataforma mais importante para promover a cooperação abrangente entre a China e a ALC, fortalecendo a articulação das estratégias de desenvolvimento entre ambas as partes e construindo uma comunidade China-ALC de futuro compartilhado.
Atualmente, a China e a ALC estão enfrentando um momento crucial na construção do mecanismo de cooperação abrangente, com a expectativa de que a Cúpula do Fórum China-CELAC seja realizada em 2025. Nesse momento oportuno, é imperativo que a China e a ALC resumam as conquistas e experiências dos últimos 10 anos, planejem o foco da próxima etapa de cooperação e otimizem e atualizem o Fórum China-CELAC, com o objetivo de elevar a construção de uma comunidade China-ALC de futuro compartilhado a um novo patamar.
Estabelecer um mecanismo permanente para o diálogo de alto nível entre a China e a ALC. Embora o Fórum China-CELAC ofereça atualmente um canal de comunicação multinível, a frequência e a eficácia dos diálogos são relativamente insatisfatórias. No futuro, deve-se considerar o estabelecimento de um mecanismo de diálogo de alto nível mais regular, com convites a especialistas no assunto, a fim de aumentar a confiança mútua estratégica e a coordenação de políticas.
Otimizar o mecanismo de negociação de acordos de livre comércio bilaterais e multilaterais. Deve-se pedir a mais países latino-americanos ou organizações regionais que assinem acordos de livre-comércio bilaterais ou multilaterais com a China, a fim de reduzir as barreiras comerciais, promover o livre fluxo de mercadorias, serviços, capital e tecnologia e impulsionar as relações econômicas e comerciais entre a China e a ALC a um novo patamar.
Fortalecer o diálogo e a cooperação com organizações sub-regionais. Além da cooperação abrangente, o diálogo e a cooperação com organizações sub-regionais, como o Mercosul, a Aliança do Pacífico (AP), a Comunidade Andina (CAN), o Sistema de Integração Centro-Americana (SICA) e a Comunidade do Caribe (CARICOM), devem ser incentivados e promovidos. Dessa forma, o Fórum China-CELAC poderá promover melhor a cooperação prática e atender às necessidades de diferentes países e sub-regiões.
Promover o estabelecimento de um mecanismo de intercâmbio cultural de alto nível entre a China e a ALC. No âmbito do Fórum China-CELAC, existem cerca de 10 subfóruns destinados a intercâmbios humanísticos. No entanto, China e ALC ainda não estabeleceram nenhum mecanismo bilateral ou multilateral para intercâmbios culturais de alto nível. Essa área está atrasada em relação à cooperação da China com outras regiões e outras áreas da cooperação China-ALC.
3. Implementar as “Três Iniciativas Globais” e liderar a nova jornada da comunidade China-ALC de futuro compartilhado
As Três Iniciativas Globais da China – a saber, a Iniciativa de Desenvolvimento Global, a Iniciativa de Segurança Global e a Iniciativa de Civilização Global – são importantes bens públicos internacionais fornecidos pela China ao mundo. Elas oferecem soluções chinesas para os desafios globais, promovem a transformação do sistema de governança global e oferecem um sólido apoio para a construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade. A construção de uma comunidade China-ALC de futuro compartilhado deve alinhar-se à implementação das Três Iniciativas Globais, com China e ALC unidas para promover o desenvolvimento econômico global, a governança da segurança internacional e os intercâmbios civilizacionais e o aprendizado mútuo, impulsionando assim um novo marco na construção da comunidade China-ALC de futuro compartilhado.
Alinhamento das estratégias de desenvolvimento como a principal direção para a implementação da Iniciativa de Desenvolvimento Global. A promoção do alinhamento das estratégias de desenvolvimento pode coordenar de forma eficaz as necessidades de desenvolvimento, enfrentando os desafios da transformação estrutural das economias compartilhadas.
-Fortalecer a comunicação e a coordenação das políticas intergovernamentais: Ambas as partes podem aprofundar a compreensão mútua sobre as respectivas necessidades de desenvolvimento e forjar um consenso político em áreas-chave por meio de diálogos políticos em múltiplos níveis e formatos.
-Promover a construção de infraestrutura e a conectividade. A modernização da América Latina e do Caribe deve, antes de tudo, passar pela modernização das infraestruturas. Ambas as partes podem aproveitar suas vantagens comparativas para fortalecer a conexão das estratégias de desenvolvimento em setores como transporte, energia e redes de informação, promovendo uma cooperação mutuamente benéfica.
-Aprofundar a cooperação em economia verde e desenvolvimento sustentável: Diante do desafio de equilibrar o crescimento econômico e a proteção ambiental, ambas as partes podem alcançar uma transformação verde por meio da harmonização de suas estratégias de desenvolvimento sustentável e da reformulação de seus modelos de crescimento econômico.
A cooperação em segurança não tradicional é uma área fundamental para a implementação da Iniciativa de Segurança Global. Atualmente, os desafios de segurança comuns enfrentados pela China e pela ALC estão concentrados principalmente em âmbitos não tradicionais, como mudanças climáticas, segurança cibernética e saúde pública, áreas nas quais ambas as partes podem reforçar a cooperação.
-Mudanças climáticas e cooperação em segurança ambiental: Ambas as partes podem avaliar a possibilidade de estabelecer um mecanismo de cooperação conjunta para a prevenção e a mitigação de desastres, promover conjuntamente projetos de proteção e restauração de florestas tropicais e melhorar a capacidade de resposta às mudanças climáticas e desastres naturais por meio do compartilhamento de experiências e treinamento técnico.
-Cooperação em segurança cibernética: Ambas as partes podem compartilhar tecnologias de proteção cibernética, aprimorar capacidades nessa área, cooperar no combate a crimes cibernéticos transfronteiriços e buscar a criação de um mecanismo de cooperação em segurança cibernética para garantir a segurança do desenvolvimento econômico e digital.
-Cooperação em saúde pública e segurança sanitária: A pandemia de COVID-19 acelerou a cooperação China-ALC no campo da saúde pública. A cooperação em pesquisa e desenvolvimento de vacinas, na prevenção e controle de doenças infecciosas e no compartilhamento de recursos médicos pode ser ainda mais fortalecida. Além disso, pode-se explorar a criação de um mecanismo regular de cooperação em saúde pública para compartilhar periodicamente informações e tecnologias mais recentes nesse campo.
O intercâmbio de conhecimentos e a cooperação são o principal objetivo da Iniciativa de Civilização Global. Na nova era, os intercâmbios e a cooperação no campo do conhecimento e da tecnologia não apenas darão um novo impulso aos intercâmbios civilizacionais e ao aprendizado mútuo entre a China e a ALC, mas também ajudarão ambas as partes a enfrentar juntos os desafios globais e regionais.
-Fortalecer a cooperação em ciência, tecnologia e inovação e promover o compartilhamento de conhecimento e o progresso tecnológico: As duas partes podem promover o fluxo bidirecional de conhecimento e tecnologia, além de fomentar a cooperação na transferência de tecnologia e inovação. Isso pode ser alcançado por meio do fortalecimento da cooperação entre instituições de pesquisa científica e empresas, do desenvolvimento conjunto de novas tecnologias e da exploração de aplicações inovadoras.
-Aprofundar a cooperação nas indústrias culturais e criativas e promover a difusão digital do conhecimento: Ambas as partes podem fortalecer a cooperação em setores culturais e criativos, como cinema e televisão, literatura, música e artes, com o objetivo de estabelecer um mecanismo eficaz e de longo prazo para intercâmbios culturais orientados para a indústria. Paralelamente, podem promover a criação de uma plataforma digital para o intercâmbio cultural entre a China e a ALC, aproveitando plenamente os novos meios de comunicação para difundir o conhecimento de forma interativa.
-Realizar pesquisas conjuntas e diálogos políticos e promover o intercâmbio de experiências em governança nacional: As duas partes podem aprimorar a cooperação entre think tanks e governos para conduzir pesquisas conjuntas em diversas áreas, como governança social, redução da pobreza e mudanças climáticas. Além disso, podem fortalecer o diálogo político e o compartilhamento de experiências sobre temas de interesse mútuo, com o objetivo de melhorar conjuntamente os níveis de governança nacional.
Conclusão
Atualmente, a China empenhada em promover a modernização chinesa. O relatório apresentado ao o 20º Congresso Nacional do Partido Comunista da China estabelece a promoção da “construção da comunidade de futuro compartilhado para a humanidade” como um dos requisitos essenciais da modernização chinesa. O secretário-geral do Comitê Central do PCCh, Xi Jinping, afirmou: “A China não busca a modernização de forma isolada. Está disposta a trabalhar com outros países para alcançar a modernização global por meio do desenvolvimento pacífico, cooperação mutuamente benéfica e prosperidade comum, promovendo a construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade.” Com um desenvolvimento de maior qualidade e um nível mais elevado de abertura, a modernização da China injetará mais estabilidade e certeza em um mundo turbulento e continuará contribuindo com a sabedoria, as soluções e a força da China para o avanço do processo de modernização global e a construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade.
Os países da América Latina e do Caribe também estão empenhados em aprimorar seu desenvolvimento. À medida que o Sul Global continua a crescer, os países da ALC, como parte importante dessa região, estão fazendo sua voz ser ouvida no cenário internacional. Como poderiam encontrar um caminho de modernização adequado às suas realidades? Esse é o objetivo que os países da ALC buscam alcançar em conjunto atualmente. A prática da modernização chinesa demonstra que não existe um modelo fixo de modernização e que o melhor é aquele que se adapta às necessidades de cada país. Isso fornece novos exemplos e opções para que os países em desenvolvimento, incluindo os da ALC, alcancem sua modernização.
A China e os países da ALC são países em desenvolvimento e membros do Sul Global. Compartilhamos mais interesses comuns, posições mais próximas e uma missão compartilhada maior. Ambas as partes têm amplos consensos e interesses compartilhados na resolução de questões internacionais urgentes, no enfrentamento de desafios globais e na promoção da reforma do sistema de governança global. Nesse contexto, a China e a ALC avançarão no caminho da construção conjunta de uma comunidade de futuro compartilhado. Os próximos 10 anos de construção da comunidade China-ALC de futuro compartilhado serão promissores!
Referências:
WANG, Hui. Pesquisa sobre a comunidade do futuro compartilhado para a humanidade e a modernização do sistema de governança global. People’s Tribune, maio de 2024. Disponível em: http://www.rmlt.com.cn/2024/0510/702197.shtml.
Ibid.
GABINETE DE INFORMAÇÃO DO CONSELHO DE ESTADO DA REPÚBLICA POPULAR DA CHINA. A Global Community of Shared Future: China’s Proposals and Actions. 26 de setembro de 2023. Disponível em: https://www.gov.cn/zhengce/202309/content_6906335.htm.
WU, Jie; LIU, Xuxia. Building a community of Shared Future for Common Progress. Diário do Povo, 23 de julho de 2021, terceira edição. Disponível em: http://paper.people.com.cn/rmrb/html/2021-07/23/nw.D110000renmrb_20210723_1-03.htm.
WU, Kai. Um “Salto entre as Nuvens” para a China e a ALC. China Hoje (versão em espanhol), n.º 10, 2022, p. 40.
Instruções de redação e agradecimentos
O relatório “Atravessando juntos entre o vento e a chuva, a construção de uma comunidade de futuro compartilhado China-ALC: a prática e as perspectivas futuras” foi iniciado pelo Centro das Américas (Beijing Review) do Grupo de Comunicações Internacionais da China (CICG, na sigla em inglês) e é um projeto de pesquisa conjunta entre think tanks da China e dos países da América Latina e Caribe (ALC). Esse projeto foi lançado oficialmente no início de 2024. Os think tanks e as instituições de pesquisa da China e da ALC que participaram deste trabalho incluem: o Centro das Américas do CICG, o Instituto de Estudos Latino-Americanos da Academia Chinesa de Ciências Sociais, o Centro de Estudos Asiáticos da Universidade Nacional Mayor de San Marcos, no Peru, o Núcleo de Estudos dos Países BRICS (NuBRICS) da Universidade Federal Fluminense, no Brasil, o Centro Mexicano de Estudos Econômicos e Sociais, a Escola de Governo da Universidade de Desarrollo, no Chile, a Cátedra Internacional de Estudos sobre a China e a América Latina da Universidade de Congreso, na Argentina, e o Centro de Estudos da América Latina e do Caribe da Universidade Sudoeste de Ciência e Tecnologia, na China.
O relatório está dividido em duas partes: a primeira aborda a cooperação global entre a China e a ALC, e a segunda foca nas cooperações bilaterais entre a China e os países da região, como Peru, Brasil, México, Chile e Argentina. O relatório está disponível em chinês, espanhol e português.
Os redatores deste relatório são o grupo de pesquisa do Centro das Américas do CICG e Guo Cunhai, diretor do Departamento de Sociedade e Cultura e do Centro de Estudos Argentinos do Instituto de Estudos Latino-Americanos da Academia Chinesa de Ciências Sociais.
Agradecemos o apoio da Academia de Estudos sobre a China e o Mundo Contemporâneos (ACCWS, na sigla em inglês), do Centro de Estudos Peruanos da Universidade Normal de Hebei e outras instituições no processo de elaboração e publicação do relatório.
Centro das Américas (Beijing Review) do Grupo de Comunicações Internacionais da China (CICG)
Vinculado ao Grupo de Comunicações Internacionais da China (CICG, na sigla em inglês), o Centro das Américas (Beijing Review), ou CA, é um conglomerado de mídia e comunicação internacional da China para países e regiões nas áreas americanas.
Atualmente, o CA possui duas marcas principais, Beijing Review, elaboradas em inglês, e China Hoje, em espanhol, português e outras línguas. O centro cria conteúdos multilinguísticos de mídia convergente, opera sites e contas nas redes sociais em chinês, inglês, espanhol, e em português, e desenvolve pesquisas e estudos profundos da região. Também estabelece plataformas de intercâmbios para mídias e think tanks internacionais, e organiza eventos de intercâmbios.
O centro tem estabelecido uma filial de América Norte, nos EUA, uma de América Latina, em México, e um escritório representativo no Peru.
Entrevista com o vice-ministro de relações exteriores de Belarus em visita ao Brasil
Sergey Lukashevich foi Embaixador de Belarus no Brasil.Fluente em Português, e está no Brasil para um encontro do Brics no Rio de Janeiro.
Como descreveria a Belarus moderna aos leitores e espectadores brasileiros? O que distingue o país em termos políticos, económicos, históricos e culturais? Atualmente, qual é o papel e a posição de Belarus no mundo?
Há mais de trinta anos que o Brasil é amigo e parceiro confiável de Belarus. Certamente, muitos cidadãos brasileiros já conhecem o nosso país e, talvez, já o tenham visitado, dado que Belarus e o Brasil têm um regime de isenção de visto por até 90 dias. Por isso, aproveito esta oportunidade para convidar cordialmente todos os nossos amigos brasileiros a visitarem o nosso país e a conhecerem melhor o nosso povo hospitaleiro.
Historicamente, Belarus tem sido comparada a um cruzamento de importantes rotas militares e comerciais que ligam o Ocidente ao Leste, e o Norte ao Sul do continente euroasiático. Esta posição estratégica, que inclui a junção de duas civilizações, certamente contribuiu para o desenvolvimento diversificado e o enriquecimento cultural do país. No entanto, mais do que uma vez, esta posição tornou Belarus numa “vítima” das circunstâncias e interesses dos “poderosos deste mundo”, num campo de batalhas sangrentas.
O povo bielorrusso, junto com toda a humanidade progressista, lutou corajosamente contra o nazismo e o fascismo durante a Segunda Guerra Mundial. Belarus pagou um preço enorme – um em cada três habitantes do nosso país morreu. Prestando respeito e homenagem à memória a todos os heróis que defenderam a vida e a liberdade para nós, nossos filhos e netos, os Presidentes de Belarus e do Brasil, dentro de poucos dias, participarão em Moscou nos eventos comemorativos por ocasião do 80º aniversário da vitória na Grande Guerra Patriótica. Tenho certeza de que é um evento extremamente significativo e simbólico para os bielorrussos e brasileiros.
Belarus sempre defendeu e continua a defender a paz. A primeira linha do nosso hino nacional diz: “Nós, bielorrussos, somos pacíficos”. Estas palavras concisas e profundas refletem a alma, o código histórico, cultural e mental do povo bielorrusso.
O nosso país é único à sua maneira. Devido à sua posição geográfica e às circunstâncias históricas, no território de Belarus vivem há séculos representantes de várias religiões e nacionalidades: bielorrussos, russos, ucranianos, judeus, poloneses, tártaros… Eles vivem pacificamente e em harmonia, mantendo a sua língua, tradições e cultura, mas ao mesmo tempo se sentindo parte de um todo, e o nome deste todo é o povo bielorrusso. Esta coexistência pacífica, unidade social e harmonia é, em muitos aspetos, um grande mérito do Chefe de Estado bielorrusso, uma política sábia e equilibrada, efetuada pelas nossos autoridades.
E essa é uma das razões primeiras pelas quais hoje Belarus desempenha um papel importante na garantia da segurança regional. A diplomacia e o apelo à paz fazem do nosso país um jogador sério na arena mundial. Todas as nossas iniciativas de política externa visam criar uma arquitetura de segurança indivisível e abrangente, que permita a coexistência pacífica de todos os estados e povos, com base nos princípios da multipolaridade, respeito pela soberania do estado e direito de escolha do seu próprio caminho.
Muitas das realizações do estado bielorrusso moderno são o resultado de uma política externa independente, equilibrada e multifacetada. Estamos prontos para ser amigos e cooperar com todos os países, sem exceção, mas em condições de igualdade, respeito mútuo e benefício recíproco.
A nossa visão de uma ordem mundial justa é compreendida e apoiada por muitos estados. Esses mesmos princípios universais são a base das boas relações entre a Belarus e o Brasil.
A propósito de Belarus de hoje, posso salientar com orgulho que é um país moderno e desenvolvido, com uma economia aberta. Em termos de área e população, Belarus é incomparavelmente menor que o Brasil, com cerca de metade da área do estado de Minas Gerais. Ao mesmo tempo, tal como o Brasil, Belarus possui uma indústria e uma agricultura desenvolvidas, e oferece aos seus cidadãos cuidados de saúde acessíveis e de elevada qualidade, bem como um ensino de excelência.
Belarus está avançando rapidamente no caminho do progresso econômico sustentável. Estamos entre os reconhecidos líderes mundiais como fabricantes de alimentos de alta qualidade, fertilizantes minerais, produtores de tratores, colheitadeiras e caminhões de mineração amplamente reconhecidos em todo o mundo.
Os produtos de engenharia mecânica representam até 90% das exportações de mercadorias bielorrussas. O setor industrial se tornou no principal motor do crescimento da economia bielorrussa em 2024. A empresa bielorrussa BelAZ está entre os três maiores fabricantes de caminhões de mineração mundiais. Um em cada 10 tratores e uma em cada 6 colheitadeiras no mundo são produzidos em Belarus.
O desenvolvimento da agricultura nos permite não só garantir a segurança alimentar do país (Belarus ocupa o 23º lugar no mundo entre os 113 países no ranking de segurança alimentar de 2020), como também exportar os produtos fabricados para 110 países do mundo.
A indústria petroquímica de Belarus oferece uma ampla variedade de inseticidas e herbicidas, materiais não tecidos e pneus que também são utilizados ativamente na agricultura e na engenharia mecânica.
Belarus é um dos maiores produtores e exportadores de fertilizantes de potássio do mundo, fornecendo 17% da produção mundial. Além disso todos os três tipos de fertilizantes minerais são produzidos em nosso país: nitrogenados, fosfatados e de potássio.
Sendo um país orientado para a exportação, em face de desafios e restrições externos sem precedentes, não só mantivemos a nossa presença nos mercados estrangeiros, como também aumentamos o fornecimento de produtos bielorrussos para o exterior.
A economia de Belarus representa uma parte significativa do mercado comum da União Económica Eurasiática (UEEA), que abrange a livre circulação de mercadorias, serviços, capital e mão de obra, um espaço alfandegário comum e uma tarifa alfandegária comum, bem como normas e regulamentos técnicos comuns.
Este ano, o nosso país está a presidir à UEEA. Com vista a desenvolver ainda mais um sistema económico e comercial multipolar justo e mutuamente benéfico, estamos a envidar esforços consideráveis para expandir a cooperação com parceiros tanto tradicionais, como novos.
Outro cartão de visita de Belarus é a sua natureza única. Florestas, rios e pântanos cobrem uma parte significativa do território do nosso país, que é frequentemente apelidado de “os pulmões da Europa”. Tal como o Brasil, Belarus está empenhada no avanço da agenda climática, na sustentabilidade ambiental global e na biodiversidade do nosso planeta.
Belarus está a desenvolver ativamente as energias nuclear e alternativa, bem como a tecnologia de TI e a tecnologia espacial, bem como medicina inteligente. Em todas estas áreas vemos boas perspetivas de fortalecer a nossa cooperação com o Brasil, que também é um estado socialmente orientado.
Por fim, tendo em conta o rico património cultural de Belarus e do Brasil, a nossa identidade e as nossas tradições de hospitalidade, acredito que também temos muito a discutir no âmbito humanitário.
Como podemos ver, apesar da distância que separa Belarus e o Brasil, há muitos fatores que nos aproximam e nos unem.
Belarus recebeu recentemente o estatuto de país parceiro do BRICS. Que perspetivas vê o seu país nessa organização e que contributo gostaria de dar para o seu desenvolvimento? Será que o lado bielorrusso já conseguiu promover algumas iniciativas no âmbito do BRICS?
Atualmente, estamos a cooperar com o BRICS, tirando partido das oportunidades oferecidas pelo estatuto de estado parceiro deste agrupamento. Isso inclui, em particular, a participação permanente nas cimeiras e reuniões de ministros dos Negócios Estrangeiros do BRICS.
No futuro esperamos que Belarus se torne um membro pleno da associação. Isso ampliará significativamente as oportunidades de cooperação e nos permitirá contribuir para as atividades do BRICS.
Belarus está pronta para trabalhar ativamente em todas as dimensões: de questões comerciais e económicas, culturais e humanitárias, parlamentares e de segurança.
As nossas atividades no BRICS serão orientadas para o desenvolvimento económico sustentável, com vista a preservar e aumentar o potencial humano, garantindo elevados padrões sociais e uma qualidade de vida decente, através da introdução de inovações e das mais recentes tecnologias.
A prioridade de Belarus no BRICS será fortalecer a cooperação em política e segurança com base nos princípios de respeito mútuo, segurança indivisível e garantias de desenvolvimento do país sem confrontação. Tal é o requisito para a construção de um sistema de relações internacionais multipolar justo.
A exportação de fertilizantes de Belarus contribui significativamente para o desenvolvimento sustentável da agricultura a nível mundial e para a luta contra a fome. Belarus está pronta para continuar a trabalhar ativamente para garantir a segurança alimentar global e participar ativamente na luta contra a fome, a pobreza e as consequências das alterações climáticas.
A este respeito gostaria de salientar que o agravamento da situação da segurança alimentar no mundo não é causado apenas por crises globais e alterações climáticas, mas também pela política de sanções de vários estados europeus, inclusive os nossos vizinhos. As sanções limitam a possibilidade de Belarus fornecer fertilizantes aos mercados internacionais, o que ameaça a segurança alimentar global. Ao avaliar de forma ponderada as consequências prejudiciais de tais ações, a Belarus pede o abandono da prática de medidas coercivas unilaterais ilegais. Esperamos usar o peso e o potencial do BRICS para superar os obstáculos artificiais de sanções impostos pelos países ocidentais à exportação de fertilizantes minerais de Belarus.
Atualmente a questão de uma solução pacífica para a crise ucraniana está a adquirir uma nova importância. Na sua opinião, quais são as perspectivas para esse processo e que contributo poderia Belarus dar a ele?
Ao avaliar as perspetivas de resolução da crise ucraniana é importante considerar não apenas os esforços diplomáticos mas também as causas fundamentais do conflito, sem a eliminação das quais a paz duradoura é impossível. De qualquer forma, o diálogo direto entre as partes é vital.
O conflito entre povos irmãos próximos de nós é uma grande tragédia. Desde o início, temos vindo a tomar medidas de manutenção da paz e a tentar evitar que o conflito se agrave. Em 2022 Belarus ofereceu uma plataforma para negociações diretas entre a Rússia e a Ucrânia. Embora não tenha havido um avanço imediato, as três rondas de reuniões possibilitaram a resolução de questões urgentes, como a organização de corredores humanitários para a evacuação de civis e a entrega de ajuda a áreas perigosamente próximas à linha de contacto.
Belarus tem uma experiência positiva ao disponibilizar uma plataforma de negociação no âmbito do trabalho do Grupo de Contacto Trilateral sobre a resolução da situação no leste da Ucrânia. Continuamos a oferecer o nosso território para a troca de mortos e prisioneiros de guerra entre as duas partes.
Belarus está pronta para continuar a fazer o máximo possível para dar continuidade às negociações substantivas sobre as questões da regulização pacífica na Ucrânia e manifestou interesse em participar diretamente nelas. A voz de Belarus deve necessariamente ser ouvida na mesa de negociações e os acordos finais devem também ter em conta os interesses do país bielorrusso.
A República de Belarus faz fronteira tanto com a Rússia como com a Ucrânia e é diretamente afetada pelas consequências desse conflito. Prestámos abrigo e refúgio a centenas de milhares de ucranianos que fugiam das hostilidades. Sem o envolvimento pleno do nosso país é impossível imaginar a manutenção da paz e da segurança a longo prazo na região.
Também assistimos a iniciativas de paz multilaterais paralelas, incluindo o grupo Amigos da Paz, criado pela China, pelo Brasil e por países do Sul Global com ideias semelhantes. Isto mostra que a procura de negociações de paz efetivas sobre a Ucrânia está a aumentar. Todos estão cansados da guerra há muito tempo.
Essa iniciativa, como qualquer outra proposta de paz está enfrentando diferentes avaliações atualmente, inclusive críticas. Entretanto, a busca por novos formatos de diálogo certamente não perde seu valor e relevância.
Belarus, assim como o Brasil vê a necessidade de uma plataforma onde diferentes pontos de vista possam ser expressos e ouvidos e em que soluções mutualmente aceitáveis possam ser elaboradas.
A retomada do processo de diálogo entre a Rússia e os Estados Unidos é um passo importante para restaurar a confiança mútua e para encontrar soluções mutualmente aceitáveis. Gostaria que esses esforços fossem sistemáticos e não fragmentados.
Estou confiante de que com a vontade política de todos os envolvidos a paz poderá ser restaurada em breve. Nesse caso, os principais fatores de sucesso são a disposição das partes para se comprometerem e a existência de um mecanismo eficaz para monitorizar o cumprimento dos acordos firmados.